Luiz Felipe d’Avila na ACSP: com exceção de Alckmin, o resto é o mundo dos aventureiros e dos demagogos

São Paulo, 6 de agosto de 2018. O cientista político Luiz Felipe d’Avila (PSDB-SP), coordenador do programa de governo de Geraldo Alckmin, disse que o Brasil não tem plano B para as eleições presidenciais deste ano. A afirmação foi dada hoje durante palestra realizada na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na capital paulista.

“Não tem plano B porque, com exceção do candidato competitivo que temos hoje, com o compromisso das reformas, o resto é o mundo da aventura, dos aventureiros, dos demagogos”, ressaltou, diante de uma plateia de políticos, empresários e dirigentes da ACSP. “O tal partido 13 passou 13 anos no poder e nos deixou 13 milhões de desempregados. Esse é o balanço da aventura, o balanço da demagogia. Aquele crescimento, o resultado final é esse que encontramos agora”, frisou, em crítica ao Partido dos Trabalhadores (PT).

A apresentação de Luiz Felipe d’Avila foi realizada durante reunião-conjunta do Conselho Político e Social e do Conselho de Economia, ambos da ACSP.

Segundo ele, a aprovação do voto distrital misto será a primeira ação de Alckmin numa eventual presidência a partir de 2019, porque o Brasil precisa de um sistema eleitoral que aproxime o cidadão de seus representantes - e isso só é possível quando o eleitor entende quem é o representante de seu distrito. “Imagina hoje um deputado em São Paulo ter de buscar voto no estado inteiro. Quem ele vai atender? O interesse agrícola em Ribeirão Preto, o industrial do ABC, o metropolitano da capital? Ele fica perdido, mesmo que ele queira fazer”, disse, usando ainda como argumento o fato de, atualmente, grande parte do eleitorado não se recordar em quem votou na última eleição, o que reforçaria a necessidade de mudança.

D’Avila entende que, com Alckmin eleito, é possível aprovar a reforma política ainda em 2018, entre outubro e dezembro. “Quem não se elegeu não tem mais nada a perder e quem se elegeu tem mais quatro anos pela frente. Então, entre outubro e novembro, temos essa janela importante”.

Ele sublinhou que, em termos práticos, o Congresso Nacional já é distritalizado. “Quem se elege deputado hoje é um ex-prefeito, alguém que tem voto num lugar. A questão é que ainda temos voto de corporações, como igrejas, sindicatos, que são aqueles que hoje mais fazem resistência ao voto distrital. Além disso, a campanha fica 70% mais barata”.

Estados e municípios

A segunda reforma enfatizada por d’Avila é a do Estado. “Precisamos de um Estado que sirva ao cidadão e que não esteja paralisado por interesses corporativistas”, disse, defendendo mais agilidade e simplicidade por parte do poder público, além de quadros mais técnicos e menos políticos. “É fundamental devolver poder e dinheiro a estados e municípios, que só recebem competência da União, mas não recursos”.

Consequentemente, explicou o cientista político, isso envolveria uma reforma tributária. Assim como tem afirmado Alckmin em debates e entrevistas, a ideia é aprovar o IVA (Imposto de Valor Agregado), junção de cinco tributos hoje cobrados isoladamente, de forma a simplificar o sistema. “A simplificação de impostos é importante, mas o mais importante é acabar com o conflito de competências, definir o que é do estado e o que é do município de forma muito clara”.

Ciro e Bolsonaro

Para d’Avila, o valor fundamental que definirá essa eleição é quem será capaz de restaurar a confiança no País, sendo Alckmin o que mais carrega esse atributo. Por sua vez, explicou que confiança é formada por três grandes valores: previsibilidade, competência e caráter.

Sobre o primeiro, o palestrante entende que as pessoas só acreditam em quem é previsível. “Parte do que derreteu o Ciro é o destempero”. Em relação ao segundo, ele explicou que o ex-governador de São Paulo tem uma trajetória de grandes realizações. “Nós buscamos um artista de obra feita, não alguém que diz que vai fazer alguma coisa”. Por fim, no que diz respeito ao terceiro valor, o peessedebista revelou que a propaganda eleitoral do presidenciável tucano focará na separação de sua história de vida da história do partido. “Vamos contar a história do Geraldo. Isso é um ativo. O próprio Bolsonaro é um cara que tinha um patrimônio de R$ 1 milhão, hoje é de R$ 15 milhões e ele só foi político. Como foi que subiu? Como um patrimônio sobe assim na família?”, provocou.

Janot

Ao ser questionado sobre reforma da Previdência, d’Avila ressaltou a importância de se rever o atual sistema e disse que a campanha de Alckmin já assumiu o compromisso de regras iguais para todos, com poucas exceções. “Não adianta ficar criando categorias e benefícios. E temos uma enorme dificuldade, numa nação com tanta desigualdade”, afirmou, acrescentando que o principal problema dessa reforma é a janela de transição. Ele acredita que a reforma poderá ser aprovada entre outubro e dezembro, após as eleições.

Contudo, ao explicar suas ideias de reforma previdenciária, d’Avila criticou o ex-procurador geral da República Rodrigo Janot. “Eu gostaria de dizer que a reforma da Previdência quase foi aprovada. Ela não foi aprovada por uma pessoa chamada Rodrigo Janot. Nós tínhamos os votos, 340 votos. Ia ser votado naquela semana no Congresso. Ia ser votada! E o Janot vazou aquela fita de forma irresponsável e colocou em risco não só a reforma, como acabou estragando a imagem da política. Nós tínhamos os votos. Eu estava lá. Tinha passado dos 320 votos, o Temer queria na verdade era uma folga se tivesse uma traição”, relatou durante o encontro na ACSP.

Plano de governo

D’Avila disse que o plano de governo do ex-governador paulista tem três pilares: o país da indignação, o país da solidariedade e o país da esperança. O primeiro diz respeito às reformas estruturais. “As pessoas estão indignadas com um país que não funciona”. Já o país da solidariedade refere-se aos programas sociais. “Temos um país desigual e injusto, mas temos que ter programas sociais focados não na quantidade de pessoas que entram, mas sim na quantidade de pessoas que saem”. Isso, de acordo com ele, seria resolvido com educação básica de qualidade. Por fim, o país da esperança foi a maneira que o PSDB encontrou para compilar propostas econômicas voltadas para geração de renda e emprego.

Ana Amélia e bastidores

Ao ser questionado sobre a mudança de discurso de Alckmin - que no segundo turno de 2006 apareceu vestindo jaqueta e boné em defesa de empresas estatais -, d’Avila afirmou que, de lá para cá, o contexto mudou “e um político tem que entender quando um contexto muda”.

“Uma das coisas muito interessantes que fizemos nesse plano de governo foi trazer novos interlocutores para o Geraldo. Ao trazer Pérsio Arida, Edmar Bacha, José Roberto Mendonça de Barros, ao mudar os interlocutores, mudou a narrativa, mudou o questionamento. E acho que o sinal mais evidente disso foi a escolha da Ana Amélia como vice-presidente. A pressão que nós tivemos, inclusive dos partidos de centro, era para trazer outros nomes. E um dos nomes mais fortes era o do Aldo Rebelo, que era um cara mais aceito pelo centrão do que a Ana Amélia. A Ana Amélia a gente teve que trabalhar nos bastidores, porque ela não era considerada cota do PP, e sim uma escolha pessoal do Geraldo. Então, com essas escolhas, bancando essas brigas, mostra muito bem qual é o rumo, o norte que esse governo terá a partir de 2019”, frisou o cientista social.

“O senhor me chocou com tanta objetividade e simplicidade para resolver nossos problemas. São tantos problemas, que se não for objetivo, vai ser vítima do próprio combate. Este é um momento de nós encontrarmos um caminho para o nosso País”, comentou Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).  

 

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Por ACSP