A economia brasileira apresentou um aumento do produto interno bruto (PIB) durante o primeiro trimestre, mais elevado do que esperavam os analistas de mercado. Num contexto de recrudescimento da pandemia, o que explicaria essa surpreendente resiliência da atividade econômica?
Os anos setenta foram marcados por um fenômeno desconhecido, até então, pelos economistas: uma mistura de inflação e recessão ou baixo crescimento econômico, que foi denominado de estagflação (estagnação + inflação). O normal é que se observe a chamada inflação de demanda, que combina aumento das despesas, e, portanto, da atividade, gerado pela elevação do gasto público e/ou da quantidade de dinheiro, com a consequente elevação dos preços.
Em seu último Relatório de Economia Bancária (REB), publicado no final do ano passado, o Banco Central estima que cerca de 18% da diferença entre a taxa de juros cobrada pelos bancos e aquela que remunera as aplicações (spread bancário) corresponderia à margem financeira auferida pelas instituições financeiras. Embora dita margem também inclua erros e omissões do cálculo, reflete a importância do grau de concorrência no mercado de crédito para a determinação da taxa de juros. Isto fica evidenciado pelo fato de que no mesmo Relatório, o maior impacto sobre o spread bancário viria da redução desta margem financeira.
O Comitê de Avaliação de Conjuntura reuniu-se, por videoconferência, em 29-04-2020, sob a coordenação do Dr. Edy Kogut. A partir dos diversos depoimentos realizados, percebe-se que no agronegócio, o panorama geral atual é favorável, com excelente safra de grãos e proteínas e aumentos da produtividade. O mercado interno está abastecido, com preços estabilizados e as exportações continuam crescendo. Contudo, existem problemas nos segmentos de algodão, flores, hortifruti e especialmente etanol. As perspectivas pós-pandemia são mais incertas, em decorrência da queda da renda e do emprego, enquanto a situação do mercado externo depende da recuperação da economia mundial.
No Boletim de Conjuntura anterior o editorial tratou dos efeitos do coronavírus sobre a economia brasileira, a partir das primeiras notícias sobre essa nova epidemia. Desde então, além do total de casos reportados na China ter chegado a quase dois milhões de habitantes, e gerado uma grande quantidade de mortes, praticamente paralisando sua economia, a doença se alastrou para mais de 50 países, chegando, inclusive, no Brasil.
Quando as incertezas em relação à guerra comercial Estados Unidos-China desanuviaram, com o início de um acordo entre as duas nações, esta última passou a enfrentar uma nova ameaça na forma de um novo coronavírus, que já provocou mortes e infectou milhares de chineses, havendo, inclusive, o risco de que se converta em uma pandemia mundial.