Temas em Análise 303: Recuperação da Indústria Intensifica "Perda de Fôlego" Em Fevereiro

RECUPERAÇÃO DA INDÚSTRIA INTENSIFICA “PERDA DE FÔLEGO” EM FEVEREIRO

Em fevereiro, a indústria recuou 0,7%, livre de efeitos sazonais, interrompendo uma série de nove altas seguidas, nessa mesma base de comparação, e surpreendendo negativamente as expectativas de mercado, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, também houve contração de 4,2% (ver tabela na página seguinte), praticamente igual a que foi observada na leitura anterior. Na comparação com o mesmo mês de 2020, talvez a melhor forma de tentar delinear uma tendência para a atividade do setor, continuou havendo crescimento, porém de apenas 0,4%, intensificando a desaceleração iniciada em janeiro, conforme pode ser visualizado no gráfico abaixo.

 

 

Essa desaceleração se explica essencialmente pelo recrudescimento da pandemia, que provocou interrupção de turnos, pelos aumentos de custos e pela menor demanda por produtos industriais, explicada pelo fim do auxílio emergencial e pelo elevado desemprego. A escassez de insumos enfrentada pelo segmento de veículos também exerceu forte influência negativa.

Em relação a fevereiro de 2020, novamente foram registrados aumentos de produção nos segmentos de bens de capital e intermediários, explicados pelos desempenhos favoráveis das exportações e do mercado imobiliário. Seguiu havendo contração nos casos de bens de consumo duráveis, categoria na qual veículos é um dos itens mais importantes, e semiduráveis.

Em síntese, no segundo mês do ano, a retomada da atividade industrial intensificou a “perda de fôlego” iniciada em janeiro. A perspectiva para março não é favorável, devido à interrupção da atividade de várias montadoras importantes e à intensificação das medidas de isolamento social. Para o resto do ano, a recuperação do setor poderia voltar a “ganhar tração”, em função da volta do auxílio emergencial e de outras medidas de socorro às empresas, além do avanço da vacinação e da menor base de comparação de 2020.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal