Temas em Análise 304: Inflação Oficial de Março Ultrapassa o "Teto" da Meta Anual

INFLAÇÃO OFICIAL DE MARÇO ULTRAPASSA O “TETO” DA META ANUAL

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou elevação de 0,93%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ante 0,86%, registrado no mês anterior, abaixo das expectativas de mercado, porém, forte o suficiente para levar a variação anual (em 12 meses) a alcançar 6,1% (ver tabela na página seguinte). Esse resultado ultrapassa com “folga” não somente a meta anual perseguida pelo Banco Central (3,75%), como também seu limite máximo permitido (5,25%), o que não ocorria desde novembro de 2016.

O aumento dos preços dos combustíveis e do gás de botijão, devido aos maiores valores cobrados nas refinarias e à maior cotação do dólar, foram os principais responsáveis pela alta mensal. Em termos anuais, os maiores custos de produção, pressionados pelas maiores cotações das matérias primas agrícolas e industriais e pela desvalorização do Real, começa a ser repassada aos preços finais, configurando a tendência crescente do IPCA.

O gráfico abaixo, que mostra a variação em 12 meses desse índice versus a do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cuja aceleração tem sido fortemente influenciada pela pressão dos preços no atacado, permite apreciar a semelhança entre suas trajetórias, principalmente a partir de maio do ano passado.

 

 

De fato, apesar de o IGP-DI ter anotado leve arrefecimento em março, com alta de 2,17%, em 12 meses, acelerou para 30,63%, impulsionado principalmente pelos aumentos dos preços das matérias primas industriais (IPA IND), tais como diesel, gasolina e adubos, refletindo suas maiores cotações no mercado internacional, intensificadas pela elevação da taxa de câmbio. No caso da inflação dos insumos agrícolas (IPA AGRO), pode notar-se certa descompressão, devido à nova safra, que poderá marcar novo recorde, mas, ainda assim, sua taxa anual continua bastante elevada.

 

 

Em síntese, em março, o IPCA continuou acelerando, ultrapassando, em 12 meses, o limite máximo permitido pela meta anual, refletindo, tal como mostra a evolução do IGP-DI, o repasse dos maiores custos de produção. Para abril, a inflação, medida pelo IPCA, poderá continuar se intensificando, adicionando-se ao quadro anterior, o forte reajuste dos preços de remédios e a elevação do consumo, impulsionada pela volta do auxílio emergencial.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal