Temas em Análise 321: Atividade Industrial Continua Sinalizando Tendência de Contração

ATIVIDADE INDUSTRIAL CONTINUA SINALIZANDO TENDÊNCIA DE CONTRAÇÃO

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho, a produção industrial exibiu alta, em relação a junho, de 0,6%, e quedas de 0,5% e 3,0%, nas comparações com o mesmo mês de 2021 e no acumulado de 12 meses, respectivamente (ver tabela abaixo).

A queda anual poderia ser explicada, em parte, pela existência de um dia útil a menos, mas, em conjunto com o recuo mais intenso registrado nos últimos 12 meses, sinalizaria a continuidade da trajetória de contração da atividade do setor. Essa tendência é decorrente, pelo lado da oferta, da falta de insumos (principalmente semicondutores) e do maior custo das matérias primas, e pelo lado da demanda, em função da menor renda e do crédito mais caro e escasso.

Ainda no comparativo anual, os resultados por categorias de uso foram mistos, com crescimento de 0,8% de bens semiduráveis e não duráveis, com destaque positivo para petróleo e biocombustíveis, alimentos e bebidas. Por sua vez, houve contração de bens duráveis, com redução da produção de eletroeletrônicos e móveis, e de bens de capital, a principal influência negativa, que mostrou retração nos equipamentos utilizados em transporte, agricultura e indústria.

Em síntese, em julho, a atividade industrial segue com restrições, tanto do lado da oferta, como por parte da demanda doméstica. A perspectiva para os próximos meses é de baixa, em decorrência da continuidade da guerra na Ucrânia e da alta de juros nas economias desenvolvidas, que deverão desacelerar as exportações desse setor. Por outro lado, a redução do Imposto sobre produtos industrializados (IPI), além do “pacote” de auxílios governamentais e a desoneração fiscal sobre combustíveis e energia elétrica poderiam amenizar a tendência anterior.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal