Temas em análise nº 349: Varejo Continua Desacelerando em Julho

Varejo Continua Desacelerando em Julho

 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho, as vendas do varejo restrito (que não incluem veículos, material de construção e “atacarejo”) registraram queda de 0,3%, em termos mensais, livres de efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 1,0%, enquanto, no acumulado em 12 meses, a alta foi de 2,5% (ver tabela abaixo), levemente abaixo de nossa projeção (2,6% - ver gráfico na página seguinte), ante 2,7% registrado na leitura anterior. As vendas do varejo ampliado (que inclui todos os segmentos) apresentaram resultado melhor do que o esperado, em termos mensais, ao apresentar aumento de 1,3%, com ajuste sazonal, enquanto na comparação interanual houve contração (-2,5%) e crescimento em 12 meses (+1,0%), menos intenso, em relação a junho.

Em termos interanuais, o comportamento dos segmentos do varejo restrito foi menos heterogêneo, com seis das oito atividades mostrando crescimento. Houve retração das vendas de tecidos, vestuário e calçados e equipamentos e material de escritório, informática e comunicação e aumento do volume comercializado de móveis e eletrodomésticos; hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; combustíveis e lubrificantes; livros, jornais, revistas e papelaria; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; equipamentos e material de escritório, informática e comunicação e outros artigos de uso pessoal e doméstico. No varejo ampliado, itens mais ligados ao crédito, tais como veículos e material de construção, além do “atacarejo”, seguiram apresentando quedas.

Em síntese, o varejo novamente mostrou desempenho mais fraco do que se esperava, devido aos efeitos negativos da maior taxa de juros, num contexto de alto grau de endividamento das famílias. Houve queda generalizada no varejo ampliado. Os bens cuja compra depende mais do crédito desaceleram mais do que aqueles mais ligados à evolução da renda.

Pelos motivos anteriormente descritos, prevemos a que as vendas do varejo restrito deverão desacelerar, de forma gradual, durante os próximos meses, mostrando maior volatilidade nos segmentos de bens duráveis, terminando o ano com crescimento de 2,1%.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal - 17/09/2025