ACSP debate os desafios e oportunidades do Brasil na COP30

O Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) recebeu nesta segunda-feira (26), na sede da entidade, a ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) e Co-Chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU Meio Ambiente (IRP/UNEP), Izabella Teixeira. No encontro, a convidada palestrou acerca do tema “O Brasil e a COP30”, abordando a importância da questão climática no contexto internacional e nacional, o papel do Brasil nas soluções climáticas e na geopolítica global e os desafios e as oportunidades ao País em sediar a conferência do clima.

Iniciando a sua apresentação com um panorama da questão climática no contexto internacional, Isabella disse que o cenário atual se apresenta muito desafiador, sendo a pauta do clima mais um ponto de atenção nas discussões geopolíticas e na disputa de poder global. “Sempre entendi essa agenda como de desenvolvimento, e não ambiental”, disse. Para ela, “o Brasil precisa fazer mais, melhor, não só porque vai sediar uma COP, mas porque as soluções climáticas passam por esse País”. 

A ex-ministra do Meio Ambiente pontou também uma multipolaridade na discussão do clima, com a entrada de blocos econômicos nos debates. “Diferentes blocos de poder, como o G20, G7 e o BRICS Plus, estão emergindo, o que muda a forma como a questão climática é tratada globalmente”, declarou. “Este novo arranjo exige que o Brasil utilize sua diplomacia sofisticada para se posicionar efetivamente”. Além disso, ela lembrou que o PIB do BRICS Plus é maior que o G7.

A palestrante enfatizou que a COP30 é uma oportunidade que o Brasil tem para fortalecer sua posição no cenário climático global, engajando a sociedade e o setor privado na busca por soluções e promovendo as suas iniciativas e soluções climáticas, com ênfase na importância da Amazônia e os obstáculos relativos ao desmatamento, apresentando suas NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada) e cooperar para o financiamento de ações climáticas.

Durante a palestra, defendeu que a COP30 faça um debate sobre land transition (transição da terra), expandindo a discussão sobre o uso da terra para além da agricultura, incluindo recursos naturais e minerais estratégicos, reconhecendo o potencial do Brasil como provedor de soluções climáticas.

“Quando a gente fala uso da terra, no jargão climático, tem a ver com agricultura, setor florestal, desmatamento”, salientou. “Quando a gente fala land transition, tem a ver também com recursos naturais, com minerais estratégicos, capital natural e a natureza dentro do Brasil inteiro. Então, a gente propôs nacional, internacionalmente, e eu posso propor isso porque eu não sou do governo. O presidente da COP está muito sensível [com o tema]”.

Isabella explica que, para competir no cenário internacional, o Brasil precisa de métricas claras, aproveitando sua diversidade na produção de alimentos e sua capacidade de conservação em áreas privadas. “Temos que nos dedicar, sim, a fazer escolhas sobre essas novas narrativas ou contextualizar as nossas com métricas com uma capacidade de trabalhar em face de toda a diversidade de interlocutores”.

A ex-ministra acredita que, com a COP30, surge uma chance para o Brasil destacar suas políticas e iniciativas em relação à mudança climática, posicionando-se como um líder internacional, resultando em benefícios econômicos e estratégicos a longo prazo.

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Por ACSP - 26/05/2025