Agro discute alternativas para o Brasil em um cenário de aquecimento global

Na manhã desta segunda-feira (28), o Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizou a palestra “Alternativas para um Brasil em um cenário de aquecimento global”, realizada por Candido Botelho Bracher, integrante dos Conselhos de Administração do Itaú Unibanco, da Mastercard Incorporated nos Estados Unidos e do Instituto Acaia.

Roberto Mateus Ordine abriu a reunião dizendo que “o setor do agronegócio no Brasil é reconhecido como um dos pilares da economia nacional, mas também enfrenta um cenário repleto de desafios como o aquecimento global e as mudanças climáticas”.

Cesário Ramalho, coordenador do Conselho do Agro, deu as boas-vindas ao palestrante e afirmou que, com a realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, o Brasil está recebendo os holofotes de todo o mundo. “É uma grande oportunidade para que possamos pensar em estratégias de adaptação às mudanças do clima dos sistemas agropecuários brasileiros”, ressaltou.

Em sua palestra, Bracher destacou que “globalmente, são emitidos cerca de 50 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (CO2) por ano que são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Vejo que a sociedade falha em não estabelecer um combate efetivo e, infelizmente, não há nada que o Brasil possa fazer isoladamente e muito menos a China, que é o maior responsável pela emissão de CO2, com 27%”.

O palestrante ainda continuou: “As mudanças climáticas não são mais uma previsão, e sim uma realidade cujos efeitos já estamos sentindo na pele como as inundações no Rio Grande do Sul, as secas e os incêndios por todo o Brasil, principalmente na região do Pantanal”, afirmou.

Na visão de Bracher, é necessário um investimento do setor público e privado em adaptações, por exemplo, construções de barragens contra inundações, realocações de populações para áreas seguras, brigadas contra incêndio e sistemas de alertas, entre outros. “Também é necessário estimular o uso de tecnologia limpa e a mudança de hábito da sociedade, como substituir o uso de carros por bicicletas. Se a pessoa não conseguir mudar o hábito, que ela pelo menos tenha a consciência de trocar o carro convencional pelo elétrico”, pontuou.

Captura de carbono

A tecnologia de captura e armazenamento de carbono é essencial no combate às mudanças climáticas.

A captura de carbono é um processo que consiste em remover o dióxido de carbono (CO?) da atmosfera e armazená-lo de forma segura, impedindo seu retorno ao ar. Além do mecanismo natural da fotossíntese, existem atualmente duas abordagens tecnológicas principais: a captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) e a captura direta do ar (DAC). A CCS envolve a separação do CO? liberado por atividades industriais antes que ele seja emitido para a atmosfera, direcionando-o para reservatórios subterrâneos profundos. Já a DAC retira o CO? diretamente do ar ambiente, independentemente da origem das emissões. Após a captura, o dióxido de carbono pode ser armazenado de forma permanente em estruturas geológicas ou reaproveitado em diversos usos. “Apesar do potencial dessas tecnologias, elas ainda não são suficientes para remover a quantidade necessária de CO? da atmosfera para conter ou reduzir os níveis de gases do efeito estufa”, explicou Bracher.

Para ele, atribuir um valor financeiro às emissões de gases de efeito estufa para incentivar a redução dessas emissões e a adoção de práticas mais sustentáveis pode ser uma solução consciente para termos anualmente uma curva decrescente de emissões. “Não há nenhum mercado que o Brasil tenha direito de se sentar à mesa como um dos principais acordos globais com o tema de aquecimento global. O Brasil tem a capacidade de gerar energia limpa, que nenhum outro país possui, seja pelo seu potencial hídrico, solar e de vento. Mais uma vez, com a COP-30, o Brasil está no centro das decisões climáticas que impactarão não apenas o presente, mas toda uma geração futura”.

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Por ACSP - 28/04/2025