Destino do Minhocão em debate na ACSP

A reunião do Conselho de Política Urbana (CPU) da ACSP, realizada na quarta-feira (11), na sede da entidade, teve como pauta o debate em torno do destino do Minhocão, o elevado João Goulart, que há alguns anos vem recebendo projetos urbanísticos e até 2029 deve ser desativado ou transformado em um parque.

O evento foi aberto pelo coordenador do CPU, Antonio Carlos Pela, que falou sobre como a solução para o elevado contribuirá com a revitalização do centro de São Paulo. Lembrou também do importante trabalho da ACSP, que por meio do CPU tem contribuído para os debates sobre os temas urbanos. “É preciso que qualquer decisão seja pautada na responsabilidade, no diálogo e na análise criteriosa dos prós e contras de cada alternativa, sempre com um olhar voltado para o futuro da nossa cidade”, pontuou.

Os palestrantes e debatedores convidados, Fernando Chucre, arquiteto e urbanista, sócio fundador da Arquitécnica e ex-secretário municipal de planejamento e entregas prioritárias, e Rafael Gândara Calabria, especialista em mobilidade urbana, ex-conselheiro da “Cidadeapé” e coordenador de mobilidade urbana do IDEC, apresentaram algumas ideias e soluções e debateram a possibilidade de derrubar o elevado ou transformá-lo em um equipamento urbano de lazer.

O debate foi precedido de uma apresentação da arquiteta Beatriz Messeder, do CPU, que mostrou soluções para viadutos e elevados degradados em várias cidades do mundo. O mediador Sergio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana no Laboratório de Cidades Arq.Futuro do Insper e do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável, sócio fundador da Urucuia e ex-secretário de mobilidade e transporte do município, fez uma breve contextualização do tema Minhocão, construído em 1971.

O mediador Sergio Avelleda afirmou que “o projeto do Minhocão tem a ver com o destino que nós queremos dar ao espaço urbano. Cidades são organismos vivos que tem a capacidade de se transformar a São Paulo de hoje não é a mesma de décadas atrás. Todas as cidades europeias, inclusive Amsterdam, foi obrigada a se transformar pela pressão da sociedade civil que viu suas crianças serem atropeladas pelo trânsito sem controle da cidade. O Minhocão foi construído na época rodoviarista no Brasil. Elevados, viadutos e marginais eram soluções para melhorar o trânsito. Na verdade, o trânsito só piorou, pois adotamos uma solução que acaba estimulando o uso do automóvel, fazendo com que as pessoas comprem mais carros. Dimunir os espaços para os automóveis melhora o trânsito, como tem acontecido em várias cidades do mundo.”

Revitalização
Chucre colocou a necessidade de resolver o problema como parte do projeto de revitalização do centro de São Paulo. “Está claro que a solução para o Minhocão passa também pela revitalização do centro em geral. Ainda temos cerca de 15 mil imóveis vazios numa área que dispõe de boa infraestrutura, mas pouco valorizada para moradia”. Para o urbanista é necessário promover a ocupação dos imóveis vagos e aumentar os projetos de recuperação dos prédios com retrofit. Ele acrescenta que qualquer projeto para o Minhocão deve contar com o apoio da sociedade civil, além do poder público. O urbanista também chama a atenção para o projeto do novo centro administrativo do governo do estado na Praça Princesa Isabel, reduto de moradores em situação de vulnerabilidade. “Não adianta concentrarmos esforços em uma região degradada e abandonar o restante. Isso pode causar migração de usuários de drogas para regiões que já estão mais recuperadas.”

Sustentabilidade
Já Calabria acredita que a solução passa por um projeto de sustentabilidade que envolve a desativação urgente do Minhocão e a transformação da parte de baixo em uma área sem automóveis, com ciclovias e pista para caminhadas. “Temos que parar de estimular o uso do automóvel em espaços do centro que podem ser transformados em áreas sustentáveis, a sociedade como um todo precisa pressionar o poder público nesse sentido”, acrescenta.

Projetos
O Minhocão tem recebido várias propostas para sua renovação ou demolição, a principal delas é conversão para um parque em tempo integral, com restrições ao trânsito de veículos em determinados horários e dias da semana. Existem projetos de integração com a rede de mobilidade urbana, com a construção de um túnel para viabilizar o parque e uma proposta de nova ligação viária entre as zonas leste e oeste, que potencialmente substituiria o Minhocão. 

Projetos em andamento

Parque Minhocão - Transformação do Minhocão em um espaço de lazer e esporte, com áreas verdes, ciclovia, mobiliário urbano e áreas de descanso, além de atividades culturais e artísticas. 

Estacionamento sob o Minhocão - Criação de bolsões de estacionamento embaixo do Minhocão, com o objetivo de otimizar o uso do espaço urbano. Nova via de ligação entre as zonas leste e oeste, com a possibilidade de a construção de um túnel, substituindo o Minhocão. 

Além desses projetos, existem também várias propostas para o desmonte do Minhocão com a desativação e a requalificação da área para fins de lazer e mobilidade. 

Veja as fotos: https://flic.kr/s/aHBqjChHCb

 

Por ACSP - 12/06/2025