
O Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (COMUS) realizou, nesta segunda-feira (23), na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a palestra “Investimentos em Andamento e Programados no Porto de Santos”, ministrada por Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS). A reunião foi conduzida por José Cândido Senna, coordenador do Comus.
Antes de iniciar a sua apresentação acerca das ações que visam melhorar a infraestrutura do Porto de Santos, Pomini fez uma reflexão sobre os impactos na navegação mundial com um possível fechamento do Estreito de Ormuz, aprovado pelo Parlamento do Irã após os ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas.
“Eu aprendi que a navegação funciona como uma artéria, no lugar do sangue, produtos, alimentos, segurança alimentar, 30% dos suprimentos que passam por esse estreito, principalmente para o abastecimento dos navios, eles fornecem, por exemplo, 70% do combustível para a China”, apontou. “A cada dez navios chineses que chegam no Porto de Santos, sete poderão sofrer algum tipo de impacto, pelo menos sobre o preço do petróleo, o que poderá impactar em nossas tarifas”, complementou.
O palestrante destacou ainda que “é claro que todos os países, principalmente aqueles que contam com uma infraestrutura portuária, como o nosso, sofrerão impactos, diretos ou indiretos”.
Sobre o tema do encontro, o presidente da APS começou expondo o contexto encontrado quando assumiu o cargo, com o Porto de Santos dentro do escopo das empresas públicas para privatização. “Durante 12 meses, fomos todas as semanas a Brasília, justamente para retirar do programa [de privatização]. E o fizemos”.
Em seguida, Pomini compartilhou os números do Porto de Santos nos últimos dois anos. Em 2024, a movimentação de comércio exterior foi de 179,8 milhões de toneladas, ante 173,5 milhões de toneladas em 2023. No ano passado, foram exportadas 131,3 milhões de toneladas e importadas 48,5 milhões de toneladas. Há dois anos, 130,2 milhões de toneladas foram exportadas e 43,3 milhões de toneladas, importadas.
Na circulação de bens e mercadorias, o Porto de Santos registrou, em 2024, a movimentação de 5,5 milhões de contêineres e 5,6 mil navios atracados. Já em 2023, foram 4,8 milhões de contêineres e 5,5 mil atracações.
Pensando nas próximas duas décadas, foi elaborado o Plano de Investimento para o Porto de Santos que, segundo o palestrante, foi amplamente debatido com a população local e focado em dois eixos: integração do porto com a cidade e infraestrutura para acesso. O presidente da APS revelou que o Porto de Santos precisa se integrar melhor com a cidade e os diferentes modais de transporte, como ferrovias e rodovias, por conta da necessidade de expandir e modernizar a estrutura portuária.
Entre as propostas está a Nova Poligonal, que aumentará a área do Porto em 162,4%. A iniciativa prevê a incorporação de 11 áreas, totalizando 12,6 milhões de m² que, somados aos 7,8 milhões de m² atuais, resultariam em uma área de 20,4 milhões de m², melhorando a logística. “É claro que a gente tem uma série de dificuldades, principalmente sobre o tema ambiental, já que nós não temos ainda a reforma do Novo Marco Ambiental. Então, tem muita burocracia a ser enfrentada”.
Outro apontamento foi a necessidade de adotar novas tecnologias, como a implementação de um sistema de gerenciamento moderno para otimizar as operações portuárias.
Para ampliar a capacidade e eficiência do Porto de Santos nos próximos 20 anos, o plano propõe várias obras, entre elas, a reforma da Avenida Perimetral da margem direita – Trecho Alemoa, com pavimentação de 580 metros de via e construção de um canal de drenagem. Orçada em R$ 31,5 milhões, a conclusão das obras está prevista para novembro do ano que vem.
Ainda na Avenida Perimetral, mas na margem esquerda, estão previstas intervenções para a melhoria de acesso ao porto, segregação dos tráfegos urbano e portuário e eliminação de passagem de nível. Com previsão de publicação do edital para maio de 2026, está orçada em R$ 800 milhões.
Estimada em R$ 112,3 milhões, as obras na Ilha Barnabé buscam fortalecer os berços de atracação, com recuperação estrutural e reforço do aprofundamento. Com início previsto para outubro deste ano, a conclusão será em junho de 2027.
Outro projeto abordado foi o Túnel Santos-Guarujá, projetado há 97 anos, que conectará as margens do Porto de Santos, melhorará a eficiência logística e reduzirá o tempo de espera nas balsas. O custo estimado é de R$ 7 bilhões, divididos igualmente entre os governos Federal e Estadual. O edital já foi publicado, com o leilão marcado para setembro de 2025. A obra prevê a geração de cinco mil empregos diretos, principalmente em Guarujá, pagando-se em cerca de três anos e meio.
Veja as fotos: flic.kr/s/aHBqjCj7aK
Por ACSP - 23/06/2025