Temas em Análise 277: Indústria Sofre Nova Queda Histórica em Abril, Afetada pelo Maior Tempo de Isolamento Social

INDÚSTRIA SOFRE NOVA QUEDA HISTÓRICA EM ABRIL,
AFETADA PELO MAIOR TEMPO DE ISOLAMENTO SOCIAL

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril, a atividade industrial apresentou queda histórica de 27,2%, em relação ao mesmo mês de 2019, superando as expectativas de retração projetadas pelos analistas de mercado. No contraste com março, livre de efeitos sazonais, foi registrada a maior contração desde o começo da série (2002), que alcançou a 18,8%, enquanto, em 12 meses, a produção diminuiu em 2,9%.

Esses resultados refletem, por um lado, a paralização das fábricas, e, por outro, a diminuição da demanda, na esteira dos menores níveis de emprego e renda, provocadas, em ambos casos, pelo isolamento social, decretado para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, na segunda quinzena de março. Desse modo, os recuos foram mais intensos em abril, pois abrangem os efeitos do isolamento ao longo do mês completo. Além disso, também pesaram a redução das exportações de manufaturados e a queda acentuada da confiança do empresário industrial.

No comparativo anual, a maior queda novamente foi registrada no segmento de bens de consumo duráveis, com destaque negativo para veículos. Também houve recuo na produção de bens de consumo semi e não duráveis, principalmente bebidas – afetadas pela redução de atividade de bares e restaurantes –, confecções – impactadas pelo fechamento das lojas, além de itens menos essenciais durante a pandemia, tais como artigos de viagem, couro, calçados, móveis e eletrodomésticos. Na contramão, cresceu a fabricação de artigos básicos, representados por alimentos e produtos de limpeza, além da indústria extrativa mineral.

Em síntese, os resultados de abril refletem de modo mais amplo os impactos negativos da pandemia e do distanciamento social sobre a indústria, levando-a a utilizar apenas metade da capacidade instalada, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A perspectiva futura para o setor é de quedas intensas no 2º trimestre do ano. A recuperação dependerá da flexibilização da quarentena, das medidas emergenciais alcançarem as empreses de menor porte e dos estímulos monetários que ainda possam ser dados.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal