RESULTADOS DO VAREJO, APESAR DE POSITIVOS, MOSTRAM TENDÊNCIA
DE QUEDA, EM RELAÇÃO AO PERÍODO PRÉ-PANDEMIA
As vendas do varejo restrito (que não incluem veículos e material de construção) e do ampliado (que consideram todos os segmentos) apresentaram, em fevereiro, altas de 1,3% e 0,3%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (ver tabela abaixo). No acumulado em 12 meses, os volumes comercializados também mostraram aumentos de 1,7% e 4,8%, respectivamente, superiores aos observados na leitura anterior.
Esses resultados positivos, contudo, parecem estar bastante “inflados” pela menor base de comparação do começo do ano passado, período em que ainda vigoravam as medidas de isolamento social, que reduziram o funcionamento da atividade comercial.
Na comparação com fevereiro de 2020, quando essas medidas de isolamento social ainda não haviam sido aplicadas, observa-se recuo de 2,6%. De uma maneira geral, excluindo-se o efeito de redução da base de comparação provocado pela pandemia, observa-se uma tendência decrescente que se iniciou em agosto do ano passado, num contexto de menor poder aquisitivo das famílias, corroído pela inflação, encarecimento do crédito e elevado desemprego.
Em síntese, o varejo, em fevereiro, ao ser eliminada a influência positiva da menor base de comparação do ano passado, continuou “perdendo fôlego”. A tendência para o restante do ano dependerá da situação do emprego e da trajetória da inflação, que além de afetar a renda disponível para o consumo, determina a evolução das condições do crédito.
Também é importante mencionar o impacto positivo sobre o varejo que deverá trazer a injeção de recursos oriundos do saque do FGTS, da antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas e da ampliação do crédito consignado para a população de baixa renda. Em todo caso, a confiança do consumidor, que sinaliza a intenção de compra das famílias durante os próximos meses, de acordo com o Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo, segue em trajetória de recuperação, devido fundamentalmente à melhora das expectativas futuras sobre sua situação financeira.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal