Temas em Análise 323: Inflação Acelera em Fevereiro, mas Perde Força em Termos Anuais

INFLAÇÃO ACELERA EM FEVEREIRO, MAS PERDE FORÇA EM TERMOS ANUAIS

Segundo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial, em fevereiro, apresentou alta de 0,84%, ante 0,53% no mês anterior, surpreendendo os analistas de mercado. Apesar de acelerar em relação a janeiro, em termos anuais (resultado acumulado em 12 meses), o IPCA desacelerou para 5,60% (ver tabela abaixo), nível bem acima do limite máximo anual permitido (4,75%).

O principal responsável pela alta mensal foi o reajuste das mensalidades escolares. Os aumentos dos preços de produtos de higiene, como, por exemplo, perfumes, também contribuíram para essa alta, que foi um pouco mais disseminada entre os itens que compõem a cesta básica (65% do total, ante 63% registrado em janeiro). Os núcleos de inflação, que sinalizam a variação do IPCA, excluindo-se a influência dos preços mais voláteis também mostraram desaceleração em termos anuais (12 meses).

Por outro lado, de acordo com o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGPDI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), também houve redução da inflação, que passou de 0,06%, em janeiro para 0,04%, em fevereiro, causada fundamentalmente pela diminuição da cotação internacional dos produtos agropecuários (carne bovina, soja e batata), que provocou deflação no atacado no mês e no acumulado em 12 meses (-0,04% e -0,10%, respectivamente). Essa inflação negativa gerou forte desaceleração do resultado em 12 meses do IGP-DI, que alcançou a 1,53%.

 

 

Em síntese, apesar do aumento do IPCA em fevereiro, este segue desacelerando em termos anuais, porém com aumentos de preços mais disseminados e ainda se mantendo em patamar elevado, bem acima do “teto” da meta oficial de inflação, perseguida pelo Banco Central. O IGP-DI continua mostrando forte arrefecimento em termos anuais, aliviando a pressão dos custos de produção sobre os preços finais.

A perspectiva para os próximos meses é de desaceleração do IPCA, ao confirmar-se a safra recorde de grãos de mais de 309,8 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Contudo, as expectativas de inflação, que permanecem desancoradas, podem atuar na direção contrária, à espera do novo arcabouço fiscal, obrigando a autoridade monetária a manter a taxa SELIC em níveis elevados por mais tempo.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal