ATIVIDADE INDUSTRIAL INICIA 2023 COM LEVE AUMENTO ANUAL
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em janeiro, a produção industrial exibiu queda de 0,3%, em relação a dezembro, superando a contração esperada pelo mercado. Contudo, na comparação com o mesmo mês do ano passado, registrou alta de 0,3%, enquanto no acumulado em 12 meses apresentou retração de 0,2% (ver tabela abaixo), menos intensa que a observada nas leituras anteriores.
O aumento anual poderia ser explicado, em parte, pela existência de um dia útil a mais, mas, em conjunto com a perda de intensidade do recuo registrada nos últimos 12 meses, poderia estar refletindo os efeitos da atenuação do problema de falta de insumos (principalmente semicondutores).
Ainda no comparativo anual, os resultados por categorias de uso foram mistos, com crescimento de bens duráveis, semiduráveis e não duráveis, de 13,9% e 4,6%, respectivamente, destacando-se no primeiro caso a produção de automóveis, motocicleta, aparelhos elétricos e móveis; e no segundo, a fabricação de alimentos e bebidas para consumo doméstico. Por sua vez, diminuíram os volumes produzidos de bens intermediários e de capital, em 1,7% e 6,6%, principalmente pelos recuos dos produtos minerais não metálicos e dos equipamentos para fins industriais, respectivamente.
Em síntese, em janeiro, a melhora relativa do desempenho da indústria poderia estar refletindo, em maior medida, a menor restrição pelo lado da oferta, devido à atenuação do desabastecimento de insumos. Contudo, o nível da demanda doméstica por produtos industriais continua baixo, em decorrência dos juros mais altos, da menor disponibilidade de crédito e do elevado grau de endividamento das famílias. Mesmo que durante os primeiros meses do ano exista a perspectiva de redução das perdas do setor pelo alívio relativo das condições de oferta, a fraqueza da demanda poderia afetar negativamente o desempenho da indústria ao longo do ano.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal