Temas em Análise 338: Varejo decepciona em Dezembro, mas termina 2023 com crescimento de 1,7%

Varejo decepciona em Dezembro, mas termina 2023 com crescimento de 1,7%

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro do ano passado, as vendas do varejo restrito (que não incluem veículos, material de construção e atacarejo) diminuíram 1,3%, em termos mensais, frustrando as expectativas de mercado (+0,4%), porém exibindo aumentos de 1,3%, na comparação com o mesmo mês de 2022 (ver tabela abaixo), e de 1,7%, no ano de 2023 (em linha com nossa projeção – ver gráfico na página seguinte). As vendas do varejo ampliado (que inclui todos os segmentos) embora tenham mostrado contração mensal, que alcançou a 1,1%, ficaram estáveis sobre dezembro de 2022, enquanto, durante o ano de 2023, aumentaram 2,4%.

Na análise anual, os segmentos do varejo restrito cujas vendas aumentaram foram combustíveis e lubrificantes, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; tecidos, vestuário e calçados e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação. Na contramão, houve queda do volume comercializado de outros artigos de uso pessoal e doméstico; móveis e eletrodomésticos; tecidos, vestuário e calçados; livros, jornais, revistas e papelaria. No varejo ampliado, veículos e “atacarejo” mostraram aumento no volume comercializado, enquanto material de construção apresentou recuo.

O desempenho do varejo em dezembro e durante o ano de 2023 continua refletindo, em geral, o baixo crescimento do consumo, afetado negativamente pelos juros altos, pela escassez de crédito e pelo alto grau de endividamento das famílias, que são levadas a privilegiar as compras de itens mais básicos, e menos dependentes do crédito. O resultado positivo das vendas de veículos se deve ao efeito pontual dos descontos ainda dados pelas montadoras e dos incentivos tributários.

A perspectiva para 2024 é de alta moderada, sustentada pelos aumentos de renda provenientes do mercado de trabalho e das transferências governamentais, num contexto de inflação mais baixa. As famílias permanecem com alto grau de endividamento e com inadimplência ainda elevada, apesar do “Desenrola Brasil”, que até o momento não surtiu o efeito esperado. A taxa básica de juros deve continuar diminuindo, mas poderá fechar o ano em patamar ainda elevado, ao persistirem as incertezas nos campos fiscal e externo.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal