Crianças estão aprendendo filosofia em vez de matérias mais importantes, diz Mourão na ACSP

São Paulo, 18 de setembro de 2018. O general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro (PSL), fez palestra na manhã de hoje a integrantes da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para explicar sua visão acerca dos principais problemas nacionais. Ao falar sobre educação, o candidato criticou a atual base curricular no ensino de base, que, segundo ele, é prejudicial à cidadania. “Hoje nosso ensino fundamental, infantil, de base, parou no tempo; tem uma base curricular complicada. Eu vejo uma criança de dez, onze anos estudando filosofia em vez de se dedicar a outras matérias mais importantes. Temos que resgatar a cidadania. A cidadania fugiu”.

Mourão disse que sua apresentação era um resumo de sua visão sobre os problemas do País, deixando claro que as soluções dependeriam da opinião final de Bolsonaro.

Pais e avôs

O general fez referência a uma declaração sua polêmica na última segunda-feira, em que associou a ausência de pais e avôs em lares com uma maior probabilidade de jovens entrarem no narcotráfico. “Existe uma crise psicossocial que afeta a nossa sociedade e atingiu a família. Ontem deixei claro que esse atingimento da família é muito mais crucial nas nossas comunidades carentes, onde a população masculina, em grande parte, ou está presa, ou está ligada à criminalidade ou já morreu, deixando a grande responsabilidade por levar a família à frente nas mãos de mães e avós. Um órgão de imprensa publicou que eu estava criticando as mulheres. Eu estou fazendo uma constatação de algo que ocorre notadamente nas nossas comunidades carentes, porque essas mães e avós saem para trabalhar, a grande maioria é cozinheira, faxineira, lida com uma dureza de vida o tempo todo e não tem com quem deixar os seus filhos. O Estado não está presente, e aí essa criança vira presa fácil do narcotráfico”, alegou Mourão.

Venezuela

O assunto mais abordado pelo candidato foi segurança nacional. Em especial, citou a importância de proteção das fronteiras brasileiras, usando como o exemplo os Estados Unidos, que têm, segundo ele, dificuldades para controlar a divisa com o México. “Destaco os quase 16 mil quilômetros de fronteiras terrestres com nove países diferentes. Poucos países do mundo têm uma fronteira dessa natureza, com características bem distintas, uma vez que parte dela é muito pouco habitada na região amazônica”.

Ainda na questão continental, criticou a criação da UNASUL. “Um velho chefe militar dizia que a UNASUL era o Pacto de Varsóvia de sandália Havaianas. Ela está morrendo, a sede dela lá no Equador parece que já está até fechada”.

Ao mesmo tempo, porém, opinou que é importante que o brasileiro aprenda a falar espanhol para melhorar a integração entre o Brasil e as demais nações latino-americanas. No caso da Venezuela - país onde Mourão viveu durante dois anos - classificou o vizinho como um regime de caráter socialista e totalitário, que teria se apossado dos instrumentos da democracia. “Será um caso clássico de estudo por todos aqueles que gostam da ciência política”. Em relação às afirmações constantes de eleitores ligados à direita, que dizem temer que o Brasil vire uma Venezuela, o general foi taxativo: “Jamais seremos uma Venezuela, por uma razão muito simples: nossas forças armadas nunca foram e jamais serão cooptadas para um projeto dessa natureza. Isso eu tenho certeza”.   

Para o candidato, o Estado brasileiro precisa chegar aos nichos de pobreza. E, para separar essas comunidades do crime organizado, construir escolas, fornecer saúde, fazer rede de esgoto - “aquela obra que nenhum governante gosta de fazer”. Para ele, ninguém tem dúvida de que o Estado é partidarizado e com índices preocupantes de corrupção. “O Estado tem que estar nas mãos de funcionários públicos compromissados com ele e não com uma quantidade enorme de cargos comissionados. Não temos dúvidas de que, ao assumir o governo, teremos de duas a três semanas de dificuldade para conseguirmos acessar todos os instrumentos”, falou em referência a eventual sabotagem.

Impostos

Quanto à questão fiscal, o candidato a vice de Bolsonaro afirmou que a reforma tributária é crucial, citando o Impostômetro da ACSP, que está na marca de R$ 1,6 trilhão. “São 37% do nosso PIB pagos em impostos e tem muita gente que não paga. Então nossa visão é muito clara: de acordo com os grandes estudiosos do tributarismo, um país como o nosso deveria estar com uma carga na faixa dos 22%, 23%. Essa redução, nivelando a base, ou seja, colocando todos para pagar um imposto menor, nós partiremos para aquilo que eu chamo de ganhar mais com menos”, disse sob aplausos da plateia.

Voto impresso

Ao ser questionado sobre o voto impresso, Mourão declarou que o País acordou para esse processo de apuração. “A urna terá de, em algum momento, ter um mecanismo que imprima o voto. Não vai poder fugir disso aí. É igual no banco. Se não tiver isso, haverá uma eterna desconfiança desse processo”.

O presidente em exercício da ACSP, Roberto Mateus Ordine, agradeceu a participação de Mourão no evento. “Embora não tenhamos partido, nós temos um lado: o da livre-iniciativa e do empreendedorismo”. Estiveram presentes no encontro o presidente em exercício da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alfredo Cotait; o empresário Jorge Izar; o candidato ao senado por SP Major Olímpio (PSL); o presidente do PRTB, Levy Fidelix; e o candidato a governador de São Paulo pelo PSL, Rodrigo Tavares.

 

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Sobre a ACSP: A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em seus 123 anos de história, é considerada a voz do empreendedor paulistano. A instituição atua diretamente na defesa da livre iniciativa e, ao longo de sua trajetória, esteve sempre ao lado da pequena e média empresa e dos profissionais liberais, contribuindo para o desenvolvimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços. Além do seu prédio central, a ACSP dispõe de 15 Sedes Distritais, que mantêm os associados informados sobre assuntos do seu interesse, promovem palestras e buscam soluções para os problemas de cada região.

Por ACSP