São Paulo, 20 de outubro de 2020 – As eleições municipais, confirmadas para 15 de novembro em todo o país, serão marcadas pela crescente presença de candidatos que compõem os partidos de direita. A análise foi feita nesta segunda-feira (19) pelo sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, que também é presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). Na capital paulista, Celso Russomanno (Republicanos) deve perder o fôlego e ser ultrapassado por Bruno Covas (PSDB), de acordo com sua análise.
Para Lavareda, as pesquisas de intenção de votos para prefeito é o que sustentam esta tendência de avanço, justamente por causa da polarização nas eleições presidenciais de 2018, quando siglas alinhadas ao bolsonarismo, chamadas de nova direita, protagonizaram o cenário político brasileiro.
O sociólogo observa que, na atual conjuntura, quem tem ganhado espaço entre os eleitores é a direita tradicional, que abriga partidos de centro-direita, a exemplo do Democratas (DEM), que mostra forte desempenho nessas eleições municipais.
Das sete principais capitais onde as eleições devem ser definidas já no primeiro turno, em três a prefeitura deve ir para as mãos do Democratas, de acordo com as pesquisas.
Em Salvador, Bruno Reis lidera com 42% das intenções, 32 pontos à frente do segundo colocado. Em Curitiba, Rafael Greca aparece com quase 50% e, em Florianópolis, Gean Loureiro tem 29 pontos a mais que seu principal concorrente. Além disso, Eduardo Paes aparece como favorito na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro.
O DEM, que em 2016 conseguiu apenas uma capital, com ACM Neto em Salvador, deve levar no mínimo três agora em 2020.
O PSL, que se tornou a segunda maior bancada na Câmara após a confirmação de Bolsonaro como vencedor na corrida presidencial em 2018, e então filiado à legenda, segue na contramão e, até agora, não conseguiu emplacar nenhum nome forte para as eleições municipais. O desempenho só não é pior que o do PT, o maior derrotado nas eleições municipais, segundo as pesquisas. A legenda aparece competitiva em apenas uma capital, Vitória, com João Coser. Nem mesmo o ex-presidente Lula tem conseguido alavancar seus correligionários de legenda.
“O desempenho da direita nestas eleições é 2,5 vezes superior ao de 2016. A direita avança substancialmente no país, mas não se tratam de partidos alinhados ao bolsonarismo”, disse Lavareda.
Tendo como base as pesquisas de intenção de votos, a esquerda, que elegeu 35% dos prefeitos das capitais em 2016, hoje elegeria 23%. Os partidos do centro, como MDB e PSDB, teriam 27% das capitais e a direita ficaria com 50% delas.
Nesse realinhamento político, segundo Lavareda, o único partido de esquerda que tem mostrado força é o PSB. Das nove capitais onde partidos do campo progressistas lideram as pesquisas, cinco têm candidatos do PSB na disputa.
O PAPEL DAS TVs X COVID-19
Em meio a um cenário de incertezas, provocadas pelo coronavírus, a busca por informação – confiável – fez com que as atenções ficassem voltadas à televisão e as ações dos prefeitos para o combate ao vírus ganhassem visibilidade.
Lavareda destacou que dos 13 candidatos à reeleição nas capitais, nove lideram as disputas.
Segundo ele, esse é um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos, dados da consultoria Kantar mostram que dos US $11 bilhões gastos pelas campanhas eleitorais neste ano, R $4,7 bilhões foram destinados a propagandas na televisão. É mais que o dobro do valor destinado às redes sociais (US $1,8 bilhões).
“Depois que o horário eleitoral começou, João Campos (PSB) cresceu 10 pontos na disputa por Recife”, comparou.
A pandemia também deve ter impacto no aumento das abstenções, segundo o pesquisador, já que as pessoas passaram a evitar as aglomerações.
Uma pesquisa da XP realizada há duas semanas mostra que quase 30% dos brasileiros não pretendem votar este ano, ou ainda avaliam se irão comparecer às urnas.
ELEIÇÕES NA CAPITAL PAULISTA
A disputa pela Cidade de São Paulo, segundo avalia o cientista político, deve continuar acirrada, mas Celso Russomanno (Republicanos), tende a, mais uma vez, perder fôlego com o desenrolar da disputa, ainda que apareça na liderança das pesquisas de intenção de votos e que tenha o apoio de Bolsonaro. Para o cientista político, Bruno Covas (PSDB) deve se reeleger prefeito da capital paulista.
“Vejo um Russomanno mais consistente, que escolheu um vice forte [Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP], que passa a imagem de bom administrador, e ainda é beneficiado pela escassez de debates, onde não costuma ter bom desempenho”, disse o pesquisador.
“Sem fazer prognóstico, os dados técnicos das pesquisas mostram que há uma forte capacidade de o segundo ultrapassar o primeiro em São Paulo”, disse Lavareda.
A terceira força nas eleições da capital paulista é Guilherme Boulos (Psol), que aparece mais de 10 pontos atrás dos dois. O desempenho de Boulos surpreende, diz Lavareda. “É o fenômeno da esquerda nestas eleições”. Mas muito dificilmente conseguiria passar para o segundo turno. “Ele é limitado pelos votos que vão para Jilmar Tatto (PT) e Márcio França (PSB)” concluiu.
Perfil do palestrante – Antonio Lavareda é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestre em Sociologia, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e em Jornalismo pela Universidade Católica/PE). Foi pesquisador visitante na UC Berkeley, nos Estados Unidos. O sociólogo é fundador e presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), fundador do NeuroLab Brasil; e professor colaborador da pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Lavareda é ainda autor e organizador de 13 livros tais quais “Estudo da Imagem do Judiciário Brasileiro” (2019), “Neuropropaganda de A a Z”, com João Paulo Castro (2016); “Emoções ocultas e estratégias eleitorais” (2009); e “Democracia nas Urnas” (1999), além de ser organizador, com Helcimara Telles, da trilogia sobre Eleições Municipais da Editora FGV (2008, 2012, 2020).
O cientista político apresenta, com a jornalista Mônica Bergamo, o programa Ponto a Ponto, na TV BandNews. Ele é também colunista da revista ISTOÉ, das rádios BandNews FM e Jornal. O palestrante exerce ainda o cargo de editor do Blog #EleiçõesComLavareda.
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Por ACSP