“Enquanto todo o mundo busca o crescimento por meio de investimentos públicos para a infraestrutura, o Brasil está na contramão”, diz o presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Venilton Tadini, em evento realizado nesta quarta-feira (25/10), organizado pelo Conselho de Economia da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
De acordo com dados de 2015 apresentados por Tadini, os investimentos privados em infraestrutura no Brasil superam os investimentos públicos. Situação oposta ocorre no restante do mundo, como na Argentina, Bolívia e México, em que o investimento público é maior.
Ao traçar o panorama da infraestrutura no País, o palestrante diz que ela está um caos, devido ao Estado ainda ser o seu grande agente. “É importante que tenhamos investimentos público e privado na infraestrutura. E o que vimos com relação ao investimento público é justamente o sentido contrário. Isso vai ter implicação futura na nossa inserção competitiva no mercado internacional”, afirma.
A década de 70 foi o último momento significativo de investimento na infraestrutura no Brasil, período em que o investimento sobre o PIB atingia 5,4%. Já em 2017 caiu para 1,5%. “Segundo a pesquisa de vários autores, nós precisamos de 3% do PIB para cobrir a depreciação. A necessidade de investimento seria da ordem de 5%, cerca de 300 bilhões por ano”, analisa Tadini.
Com dados de 2015, na comparação com países em desenvolvimento, como a China (13,4%), Vietnã (11,4%) e Chile (6,2%), o “Brasil está em queda absolutamente fantástica, com 2,1%”, avalia o executivo, que completa: “É preciso tornar a infraestrutura eficiente para melhorar a competitividade sistêmica do País”.
O palestrante também enumerou as seguintes propostas para o desenvolvimento da infraestrutura:
1) Project Finance non-recourse: projeto que depende da receita futura gerada. México, Peru, Colômbia e Chile são exemplos de países que se enquadram nessa modalidade.
2) Fortalecimento das agências reguladoras: que atualmente são fracas. “O que seria regular, é hoje formulador”, comenta Tadini.
3) Planejamento de médio e longo prazos: “O País está cerca de duas décadas sem planejamento a longo prazo, imprescindível para a retomada do crescimento”, finaliza.
4) Revisão do arcabouço regulatório do licenciamento ambiental: com ações sobre a biodiversidade e patrimônio sociocultural; e modernização das leis de licenciamento ambiental, entre outros.
Por Conselho de Economia