COCCID homenageia o mês do professor e o “Dia Nacional do Livro”

Na tarde de terça-feira (14), o Comitê de Civismo e Cidadania (COCCID), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), comemorou o mês dos professores e o Dia Nacional do Livro (29), com palestra proferida por João Scortecci, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica do Estado de São Paulo (ABIGRAF), cujo tema foi “A importância do professor e o hábito de leitura”, realizado na Plenária da Casa. Houve também o lançamento do livro “Contos de Outra Vida”, escrito pela poeta, advogada e membro do COCCID, Frances de Azevedo.

Antes de iniciar o evento, Samir Nakhle Khoury, coordenador do COCCID, acompanhado de Alfredo Bolivar Savelli, coordenador-adjunto, confidenciou que “tentaram menosprezar a história do Centro das Tradições de Santo Amaro (CETRASA)” e, por esse motivo, manifestou-se favoravelmente ao local, prestando homenagens a seu presidente, José Carlos Bruno, e sinalizando que fará do espaço “um dos maiores museus da cidade de São Paulo”. “Estão tentando apagar um passado que faz parte da memória da cidade e do Estado de São Paulo. Um ícone da região de Santo Amaro. E quem despreza o passado tende a não ter presente nem futuro. O CETRASA faz parte da nossa história”, enalteceu.

Na sequência, Scortecci iniciou sua palestra contando como começou sua carreira de escritor, editor e livreiro, e falou sobre o “produto livro”, discernindo acerca da importância do professor e o hábito de leitura. “Não há como negar a existência de uma conectividade onipresente entre eles”, salientou, complementando que entre livro, professor e leitura há “sinergia inconteste”.

Ele dividiu sua apresentação em três momentos: professor, livro e hábito de leitura. No primeiro, tratou do professor, apontando que esses profissionais são os responsáveis pela “arte de escrever e de ensinar”, e aproveitou para pontuar seus desafios atuais: qualidade do aprendizado; analfabetismo funcional e desigualdade social; desvalorização do professor e do ensino; evasão escolar, apatia e desinteresse; e ambiente escolar hostil e violento.

Apesar dos entraves, Scortecci foi otimista ao declarar que, daqui a dez anos, “97% das profissões de hoje desaparecerão, mas o professor permanecerá”. Contudo, terá de se adaptar ao surgimento do “quinto elemento”, que, segundo ele, é a Inteligência Artificial. “No futuro, o professor não será transmissor de informações, gestor de pessoas nem corretor universal. Ele terá de aprender a lidar com I.A. e precisará ter pensamento crítico diante do alunado”, esclareceu.

No segundo momento, o palestrante focou na importância dos livros físicos e, por consequência, tratou da Lei dos Direitos Autorais Nº 9.610/1998, “que é perfeita, uma das melhores do mundo, mas que precisa ser colocada em prática”, uma vez que, atualmente, a “internet das coisas, realidade virtual, robôs e I.A” vêm colocando-a em xeque. Ele ainda discorreu sobre o formato retangular do livro, além do tamanho e dimensão de suas linhas, que não podem ultrapassar 12cm. Tudo pensado e criado para o conforto do leitor. De acordo com Scortecci, esse formato remonta ao uso de pergaminho que, ao ser dobrado em “fólio”, criava páginas retangulares.

“O livro é um produto intelectual, encerra conhecimento e expressões individuais ou coletivas. Do livro para o celular, apenas mudamos de plataforma, porque é o mesmo formato [para ler] há séculos, não revolucionamos nada, e esse modelo é ideal para armazenamento em prateleiras, eficiente para impressão e confortável para a mão humana e leitura”, explicou.

Encerrando sua apresentação, o palestrante informou um dado alarmante: “Mais da metade dos brasileiros não lê e, desde 2019, perdemos 6,7 milhões de leitores no país”. Ele indicou que a “falta de tempo e a preferência por outras atividades, como as redes sociais”, são os principais motivos para a queda na diminuição do hábito de leitura.

Scortecci foi ainda mais fundo no problema, declarando outros fatores que afetam o hábito de ler: escolas sem força na formação de leitores, com professores que não leem e, automaticamente, transferem esse perfil a seus alunos; falta de políticas públicas para incentivo à leitura; déficit de atenção causado pela internet; renda familiar e ambiente hostil; e falta de tempo.

Antes de encerrar o evento, houve declamação de poemas em homenagem ao “Dia do Professor”, comemorado hoje (15), e palavra aberta para considerações do público, que acompanhava presencial e virtualmente, no que culminou em debate sobre melhoria do ensino no Brasil, falta de professores nas escolas, curso de Pedagogia defasado no País, a força do pensamento crítico, I.A e muitos outros.

“Após essa maravilhosa e brilhante apresentação do Scortecci, provocando-nos e fazendo-nos refletir, ofereço a medalha da nossa ACSP, como símbolo do que ela representa. A nossa Instituição é responsável por muito do que temos hoje no País, como liberdade e democracia, e luta, desde 1894, para que tenhamos voz”, declarou Samir entregando a medalha da ACSP a Scortecci e Frances de Azevedo.

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Por ACSP - 15/10/2025