COMUS debate novas ações para descarbonização do setor marítimo

São Paulo, 27 de junho de 2024 - O Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos da SP Chamber of Commerce (COMUS/ACSP) recebeu, na terça-feira (25), o General Manager da WARTSILA Brasil, Mario Barbosa, empresa que desenvolve novas tecnologias para o mercado marítimo e offshore no Brasil. Ele realizou uma apresentação sobre a substituição do diesel como combustível das grandes embarcações mercantis e da descarbonização que esta mudança vai representar na redução das emissões de gás carbônico nos próximos anos.

A reunião virtual, a 39º da série Descarbonização de Portos e Aeroportos no Estado de São Paulo, foi conduzida por José Senna, coordenador do COMUS, que tem liderado uma articulação em torno das questões fundamentais relacionadas à redução das emissões na atividade portuária.

Na abertura, Senna destacou a importância das novas soluções para a descarbonização no trabalho do setor marítimo. “Descarbonizar o sistema envolve, além de melhorar a tecnologia dos navios, desenvolver novas alternativas de combustível”.

Mario Barbosa abriu sua palestra falando sobre a importância da transição dos combustíveis fósseis para as alternativas sustentáveis. “A regulamentação já está prevendo restrições dos equipamentos, portos e estaleiros para adequação à necessária redução de emissão de gases. Além disso, os investidores já começam a exigir uma operação mais verde no setor”.

Combustíveis alternativos

Para a redução da emissão de gás carbônico pelas embarcações, uma transição no uso dos combustíveis já está em andamento. O Diesel, utilizado hoje pela maioria dos navios, deve ser substituído por combustíveis verdes. Entre eles já estão sendo testados e utilizados o gás natural (gás metano) e o etanol produzido aqui no Brasil. O CH4 sintético ou de biomassa são alternativas importantes, assim como o metanol, que também pode ser utilizado, mas precisa ser de origem verde e renovável. “Fizemos algumas experiências com um navio com metanol na Europa e recentemente utilizamos o etanol brasileiro com bons resultados”.

Amônia de origem verde também pode ser utilizada para operar motores náuticos. Amônia carrega hidrogênio e pode ser uma alternativa de combustível, mas tem de ser de origem renovável.

Para o setor marítimo, os impactos do uso desses combustíveis serão positivos, mas o volume dos tanques das embarcações será maior, obrigando reformas e adequações. “Cada combustível tem características que necessitam de maior ou menor volume de tanques, muitas vezes adequados à temperatura necessária para o armazenamento”.

Segundo Barbosa, a regulamentação continua sendo construída de acordo com esses desafios. “O motor das embarcações deverá ser transformado e preparado para trabalhar com essas alternativas de combustíveis, mas entregando a mesma potência sempre. A ideia é que a velocidade e tempo de entrega não sejam prejudicados pelo uso de combustível sustentável”.

Ele afirmou ainda que testes estão sendo realizados para adequar o volume dos novos combustíveis, como etanol e metanol, em motores que atualmente utilizam o diesel, e que também estão sendo testados num sistema híbrido: “Comparamos o uso de diesel com o sistema híbrido, usando etanol e um sistema elétrico, e concluímos que haveria um aumento de capacidade de transporte, com o uso do metanol, utilizando um pequeno percentual de diesel”. Segundo Barbosa, esse sistema híbrido poderá reduzir em até 72% as emissões em relação ao motor a diesel. “Com uso do etanol podemos chegar à emissão zero de gás carbônico”, afirma.

Ainda de acordo com Barbosa, o etanol vai proporcionar maior eficiência com custos menores, possibilitando sustentabilidade econômica, social e ambiental. “A produção do etanol deve se expandir nos próximos anos”.

Por outro lado, a proposta viável, segundo Mario Barbosa, é fazer uma espécie de retrofit, adaptar a frota existente para reduzir as emissões, além de realizar testes com novos motores multicombustíveis para as novas frotas. “Estamos trabalhando para acelerar esse processo, mas ainda temos que considerar um projeto que envolva redução de emissão, sustentável e viável financeira e tecnicamente”, concluiu o executivo.

Por ACSP