COPS da ACSP realiza debate sobre atual conjuntura e o futuro da política no Brasil

São Paulo, 11 de julho de 2023. A reunião do Conselho Político e Social (COPS), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), realizada nesta segunda-feira (10), contou com a participação de alguns dos seus mais destacados membros para debater a atual conjuntura e o futuro cenário político. Além do presidente da entidade, Roberto Mateus Ordine, fizeram parte da mesa e do debate o coordenador do COPS, Heráclito Fortes, além de Jorge Bornhausen, Andrea Matarazzo, Antônio Lavareda, Paulo Delgado, Pimenta da Veiga, Roberto Brant, entre outros.

O presidente Ordine abriu a sessão afirmando que estava ansioso por promover um debate sobre a conjuntura política, após a aprovação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados: “Aqui é o espaço adequado para debatermos os bastidores da política, neste que é um momento tão importante para o Brasil”.

O coordenador do COPS, Heráclito Fortes lembrou que o Conselho está cumprindo o seu papel, trazendo lideranças políticas a fim de apresentar e debater suas propostas na ACSP. “Trouxemos alguns governadores e a repercussão tem sido muito positiva, como no caso dos governadores Ratinho, do Paraná, e Raquel Lira, de Pernambuco, que tiveram grande repercussão.

Antônio Lavareda, do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), abriu o debate lembrando da dificuldade em fazer previsões políticas no Brasil, “Até os especialistas enfrentam dificuldade em prever o futuro, quando se trata de áreas específicas. Quem poderia imaginar que Bolsonaro seria presidente e que Lula, que foi preso pela Operação Lava Jato, depois seria eleito presidente em 2022”.

Para Lavareda, a história do Brasil revela que as eleições têm sido muito disputadas, em vários momentos, e isso não deve mudar. “A próxima eleição também deverá ser bastante disputada. A diferença é que teremos, provavelmente, uma Direita menos extremista e mais alinhada ao Centro, porém, vale destacar que precisamos de uma reforma política efetiva.”

O ex-deputado Roberto Brant falou na sequência, e destacou que o Brasil tem péssimos indicadores por conta de um sistema eleitoral fracassado. “O sistema eleitoral não funciona, temos que pensar em adotar o voto distrital. O político lembrou também que a aprovação da reforma tributária por uma ‘votação elástica’ mostra que muitos deputados aprovaram o projeto sem um conhecimento do texto. “O que temos é um sistema que só enfraquece o poder executivo. A atual constituição está morta. Em questão de horas, a Câmara pode aprovar o que quiser”, evidenciou Brant.

A migração e uma eventual crise demográfica foi o tema da fala do ex-deputado Pimenta da Veiga, que lembrou que capitais brasileiras podem perder parte da sua população por cota de movimentos migratórios. “Acho que temos que voltar a falar dos movimentos migratórios e das mudanças no mercado de trabalho, as quais impactam na distribuição da população e, com certeza vão impactar no sistema eleitoral.”

Andrea Matarazzo cobrou maior equilíbrio entre os poderes da República. “No governo Fernando Henrique Cardoso esse equilíbrio existia. Tínhamos os papéis dos poderes bem definidos, uma imprensa muito profissional e o executivo estava bem alinhado aos poderes legislativo e judiciário”. Para o político, tudo começou a mudar com o Mensalão, depois com a Lava-Jato, mas, determinante às mudanças drásticas que afetaram a sociedade, como um todo, destacamos a revolução tecnológica, através do poder das redes sociais e do grande volume de informação que acabou com parte da imprensa tradicional.  Matarazzo pontuou: “o que temos hoje são líderes criados na internet e alguma perspectiva de novas lideranças como o governador Ratinho do Paraná, ou o Tarcísio em São Paulo.”

Para o ex-deputado, Paulo Delgado, a história política brasileira mostra um sistema onde não existe nitidez partidária. “Eventuais propostas para mudarmos o papel dos partidos no Brasil sempre enfrentarão muita resistência. O Congresso precisa estar atento aos verdadeiros problemas brasileiros.” O ex-deputado critica o modelo de votação virtual que tem ocorrido na Câmara dos Deputados. Para ele “Constituição não se muda virtualmente”.

Na mesma linha, o ex-deputado Benito Gama também criticou o modelo de voto à distância e com humor lembrou que “retirar o político do plenário é como tirar o padre da missa”.

 Veja as fotos da reunião: http://bit.ly/3Daoj7i

Por ACSP