O cientista social, jornalista e professor, Antônio Lavareda, foi o palestrante da reunião do Conselho Político e Social (COPS), realizada na última terça-feira (8), na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Lavareda é especialista em pesquisas eleitorais e um dos principais analistas políticos do País.
O presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine lembrou da relevância da análise da conjuntura política. “Lavareda tem sido muito importante para nos ajudar a compreender as tendências no cenário político, contribuindo para o enriquecimento do debate”.
Compuseram a mesa, os coordenadores do COPS, Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen, e o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP), Alfredo Cotait.
Lavareda, que também, é membro do COPS fez uma apresentação sobre pesquisas eleitorais, os resultados das eleições municipais do 1º turno e o que é possível prever, do ponto de vista dos partidos, sobre a polarização e sistema político para as eleições de 2026.
O palestrante deu uma verdadeira aula sobre o cenário político do País, classificando as eleições em três categorias: “Eleições Críticas”, citando a de 2016, que aconteceu em meio a uma crise econômica e o rescaldo do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Eleições contra desviantes”, dando como exemplo as eleições municipais de 2020, marcada pela polarização entre esquerda e direita e, por último, o que ele considera “Eleições Normais”, a de 2024, que teve como destaque o fortalecimento do que ele chama de incumbentes, ou prefeitos que forma reeleitos ou passaram para o segundo turno.
O cientista político mostrou também que, de um modo geral, a participação feminina continua baixa nas eleições e na política: “Parece haver certa misoginia, ainda muito resistente. O Brasil tem um índice menor de mulheres na política, abaixo, inclusive, de alguns países do oriente médio”.
Sobre as eleições de 2026, Lavareda afirma que ainda teremos a polarização, mas com novos candidatos, atores políticos e maior presença dos partidos, o que pode fazer a diferença. No entanto, ele acredita que enquanto não fizermos uma verdadeira reforma política, adotando novas alternativas como o voto distrital e, eventualmente, uma mudança no sistema presidencialista o País vai avançar pouco.
O especialista citou o escritor alemão Stefan Zweig, que morou no Brasil e escreveu o livro “Brasil, o País do Futuro”, nos anos 1940. Zweig observava um grande diferencial na diversidade de etnias na formação do povo brasileiro. Para Lavareda, no entanto, “se o Brasil não fizer mudanças profundas no seu sistema político, o livro a ser escrito será ‘Brasil, o País do Futuro Distante’”.
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Por ACSP