Distrital Mooca realiza evento sobre a Revolta de 1924

Na terça-feira (30), a Distrital Mooca da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizou uma palestra com o tema “Centenário da Revolta de 1924 – A Mooca em Chamas”.

Juraci José Pereira, superintendente da Distrital, abriu o encontro dando boas-vindas aos palestrantes e participantes. “Esse evento foi idealizado com o objetivo de trazer uma reflexão sobre um importante capítulo da história do bairro”.

A primeira palestra foi realizada por Elizabeth Florido, jornalista com especialização em Patrimônio Cultural, que expôs um panorama da história da Mooca até a Revolta de 1924. “O bairro foi fundado em 17 de agosto de 1556, e é um dos mais antigos da cidade de São Paulo. Com o crescimento de grandes indústrias, o distrito tornou-se reduto de enormes fábricas, além de ter sido uma das principais colônias de italianos da cidade, principalmente devido ao seu forte envolvimento com as grandes indústrias, como o Cotonifício Rodolfo Crespi, palco do início da primeira grande greve trabalhista do País, em 1917, que também foi intensamente bombardeada pelas tropas do Governo durante a Revolução de 1924, quando serviu de trincheira para revolucionários”, explicou.

José Paulo Dias, advogado e conselheiro da ACSP fez um resumo geral da Revolta de 1924, destacando que os moradores da Mooca, Brás, Cambuci e Sé ficaram sob intensos bombardeios de canhões, granadas e aviões, porque os revoltosos tomaram o centro da capital e as forças governistas ocuparam a região da Penha. “Por 23 dias, tivemos a maior guerra urbana do Brasil com 503 mortos, 4.846 feridos (na maioria civis) e mais de 20 mil desabrigados. Também houve o êxodo populacional. Na época, São Paulo tinha 750 mil habitantes e cerca de 250 a 300 mil pessoas fugiram da violência. A população foi muito castigada”.

Moacir Assunção, jornalista, historiador e escritor do livro “São Paulo deve ser destruída – A História do Bombardeio à Capital na Revolta de 1924, ressaltou que a Revolta Paulista de 1924 foi a segunda rebelião tenentista, promovida por jovens tenentes do Exército contra o governo federal. A primeira havia ocorrido dois anos antes, no Rio de Janeiro. “Esse movimento reformista tinha como objetivo republicanizar o Brasil, ou seja, promover uma série de reformas estruturais no País, como o aumento da federalização, a diminuição de impostos, o respeito aos militares e o voto secreto”, compartilhou.

A intenção era tomar São Paulo como primeira etapa de um plano para derrubar o governo do presidente Arthur Bernardes. “Dominaram a cidade e conseguiram assumir os principais quartéis e pontos estratégicos como a Estação da Luz, a coletoria fiscal, o Banco do Brasil, entre outros. A tentativa fracassou diante da resposta rápida do Governo Federal, que não aceitou negociar com os revoltosos e bombardeou o munícipio sem trégua, provocando um grande número de mortes entre os civis”, contextualizou.

Ao final, José Rubens de Macedo Soares, sobrinho-neto de José Carlos de Macedo Soares – então presidente da ACSP, em 1924 –, recebeu uma homenagem. Os palestrantes Elizabeth Florido e José Paulo Dias também foram agraciados com tributos.

Veja as fotos: flic.kr/s/aHBqjBBZyx

Por ACSP