Febraban é convidada a participar do Conselho Consultivo da Casa

O presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, recebeu, na tarde de ontem (28), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), representada por seu presidente Isaac Sidney e o diretor executivo de economia, regulação prudencial e de riscos, Rubens Sardenberg. Na pauta, o convite formal da ACSP para que a instituição integre seu Conselho Consultivo de Entidades Representativas, e debate sobre os principais destaques da economia no Brasil e no mundo.

“Ter a Febraban em nosso conselho será motivo de orgulho e uma excelente oportunidade de integração e troca de experiências entres as duas entidades, sobretudo para unir forças na defesa de pautas em comum e fortalecer reivindicações”, disse Ordine.

Durante o encontro, Isaac Sidney fez uma breve apresentação de seu currículo e experiências profissionais, sobretudo sobre sua passagem no Banco Central (BC), no período de 2001 a 2019, ocasião em que atuou no assessoramento legal daquela entidade e integrou o Comitê de Política Monetária (COPOM).

O atual presidente da Febraban aproveitou para elogiar e reconhecer a atuação de alguns presidentes do BC, em especial os das gestões que vieram do Plano Real em diante, ou seja, de Armínio Fraga até Roberto Campos Neto. “Tivemos ótimos presidentes do [Armínio] Fraga pra cá. O [Henrique] Meirelles, por exemplo, trouxe a feição de autonomia para o BC. Já o Ilan [Goldfajn] tornou a entidade mais aberta para a Indústria; e o [Roberto] Campos Neto representa a inovação bancária com o legado do PIX e open finance, e formalizou a independência do Banco”, declarou.

Ordine questionou a Isaac se ele acredita que o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, ao assumir em 1º de janeiro de 2025, adotará uma política mais austera na gestão da política econômica e do sistema financeiro. O presidente da Febraban respondeu elogiando Galípolo e apontou que a nova liderança “enfrentará desafios importantes”, entre eles, trazer a inflação para a meta. “Ele tem uma formação econômica, foi crescendo dentro do BC, sendo forjado para ocupar a cadeira. E não haverá espaço para tentativas e erros, porque isso mexe com a expectativa do mercado. Ele é o próprio governo indicado, contudo, não fala só para o governo, mas, sim, para um país e para o mundo”, explicou dizendo que é necessário “ficar de olho nos seis primeiros meses de mandato”.

“O Banco Central precisa manter o perfil técnico e posicionamento firme no que tem que ser feito: trazer a inflação para a meta”, enfatizou Isaac, pontuando que a questão fiscal, mundo afora, “está muito ruim”. O presidente Ordine concordou citando o mesmo parecer compartilhado por José Maria Aznar, ex-presidente de governo da Espanha, quando este esteve em visita à ACSP, no dia 30 de setembro, o qual indicou “visão triste” na Europa, sobretudo na França e Reino Unido.

O presidente da ACSP aproveitou a oportunidade para convidar a Febraban a participar de evento em homenagem ao Campos Neto, que será realizado no próximo dia 19 de novembro, às 10h, na sede da Casa.

Outra temática debatida no encontro foi o “bom momento do crédito no Brasil”. Isaac explicou que, no pós-pandemia para cá, o País começou a vivenciar uma temporada positiva para crédito, com crescimento consistente, devido à inadimplência baixa, chegada da população de baixa renda ao mercado de créditos, mercado de trabalho aquecido e tendo o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) – da Reforma Tributária em tramitação no Senado – com potencial para baratear crédito para PJ (Pessoa Jurídica). Um exemplo disso está no financiamento de veículos que, segundo Isaac, cresceu 18% no Brasil, o que é considerado por ele um “crescimento altíssimo”.

Os presidentes também discutiram sobre as BETs, encarando esse novo “mercado”, o de apostas, como “preocupante”, no que se refere ao superendividamento de pessoas e famílias brasileiras, regularização e fiscalização das atividades em âmbito nacional. “O assunto é polêmico e sério, e deve ser encarado por diversos ângulos, não só o do endividamento. Quem vai regular, fiscalizar e prevenir contra a lavagem de dinheiro?”, comentou Isaac Sidney.

A Febraban levanta essa bandeira, colocando o endividamento das famílias como preocupação, tendo proposto, ao Governo Federal, a criação de um grupo de trabalho com representações setoriais, convidando ao debate a indústria, o comércio, o varejo, entre outros, no intuito de se levantar um diagnóstico com dados e números precisos desse mercado emergente.

O presidente Ordine ressaltou que a ACSP é contrária as BETs e citou que há jovens, de 25 anos de idade, com dívidas que somam mais de 800 mil reais, e outros que deixam de ir ao supermercado para as compras do mês ou deixam de pagar o aluguel por causa das apostas on-line. “O cassino está nas mãos das pessoas”, observou.

Na sequência, a Reforma Tributária entrou na pauta, tendo Ordine se posicionado contrariamente ao que se está em tramitação no Senado que, do jeito em que se encontra, “quadro triste”, haverá aumento de carga tributária e apagamento do Simples Nacional, com “previsão de se retomar a sonegação fiscal e informalidade”.

Encerrando o encontro, Isaac elogiou a condução da economia brasileira, dizendo que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido “um grande ponto de equilíbrio”, além de ter enfatizado o aumento real do salário mínimo, o mercado de trabalho aquecido, PIB 2024 qualitativo e mais diversificado, diferentemente o do ano passado, que teve o Agronegócio como o maior responsável pelo resultado positivo, e criticou o “câmbio”, dizendo estar “bem depreciado, ruim”.

Nas despedidas e agradecimentos pelas presenças, Ordine convidou, formalmente, a Febraban para integrar o Conselho Consultivo das Entidades Representativas, explicando o funcionamento dessa instância, na Casa, informando que se trata de um fórum criado para ouvir todos os setores representados – mais de 40 membros –, aglutinando pautas e encontrando caminhos em comum para ajudar o Estado e o(s) governo(s) a encontrar um rumo em prol das demandas e desafios da sociedade brasileira. “O objetivo do Conselho Consultivo é unir esforços para fortalecer reivindicações, e a ACSP é uma facilitadora para ajustar as pautas de interesse das entidades representativas”, explicou Ordine.

A Febraban agradeceu o convite e avaliou a proposta como uma “boa oportunidade de integração entre as duas entidades, que são duas instituições históricas e tradicionais no Brasil”.

A decisão formal será comunicada nos próximos meses. Em todo o caso, a ACSP já convidou a Febraban para os próximos encontros: um em 07 de novembro, e outro em janeiro, quando será definido o calendário anual das reuniões do Conselho Consultivo.

Acompanharam o encontro Alfredo Veloza, Superintendente da Distrital Penha; Renan Luiz, Superintendente de Serviços Institucionais; e Guilherme Giussani, diretor técnico da CEMAAC.

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Por ACSP