Temas em Análise 232: Vendas do Varejo Decepcionam em Maio

VENDAS DO VAREJO DECEPCIONAM EM MAIO

Em maio, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), volume de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) apresentou alta de 1,0% sobre o mesmo mês de 2018 (ver tabela abaixo), enquanto no caso do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, houve aumento de 6,4%. Em 12 meses, o crescimento das vendas alcançou a 1,3% e 3,8%, respectivamente, mantendo-se praticamente estável, no primeiro caso, e acelerando levemente no segundo.

O resultado anual do varejo restrito veio abaixo do esperado pelos analistas de mercado, mesmo levando-se em consideração a existência de um dia útil adicional, além da base de comparação extremamente fraca do ano passado, afetada pela greve dos caminhoneiros. Essa mesma base contribuiu de forma importante para o aumento mais expressivo do varejo ampliado, pois as vendas de veículos foram intensamente prejudicadas pela paralisação do transporte, iniciada em maio do ano passado.

A fraqueza do varejo continua sendo explicada pelo alto desemprego e pelo baixo crescimento dos salários, fruto tanto da desocupação, como do aumento da informalidade, que reduzem a confiança do consumidor, fazendo com que as famílias prefiram destinar suas compras a itens mais essenciais, tais como farmácias e perfumarias e outros artigos de uso pessoal e doméstico, cujas vendas cresceram na comparação interanual. A queda observada no caso dos hiper e supermercados também é fruto do efeito estatístico da base de comparação de maio de 2018, porém, em sentido contrário aos casos anteriores, já que nesse momento houve grande elevação das vendas, devido ao temor de esgotamento dos estoques, decorrente da paralização do transporte rodoviário.

Em síntese, em maio, o varejo continua com fraco desempenho, aumentando a chance de baixo crescimento no segundo trimestre do ano. O avanço da reforma da Previdência no Congresso, além do efeito positivo sobre as expectativas de empresários e consumidores, possibilita a flexibilização da política monetária, fatores que podem contribuir para o melhor desempenho do comércio durante os próximos meses.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal