Alta do IGP-M: o que isso significa e como afeta a sua vida?

Com a constante mudança na inflação e na cotação  do dólar, muitos fatores têm movimentado o mercado financeiro e outros indicadores econômicos. Um deles é o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), que impacta diretamente a vida de milhões de brasileiros.

Para quem não sabe, o IGP-M funciona como uma “inflação do aluguel” e ajuda a definir os preços praticados no mercado imobiliário. Por isso, quando o indicador sobe demais, os inquilinos — sejam de imóveis comerciais ou residenciais — acabam sentindo a diferença no bolso. De acordo com dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas há duas semanas, o IGP-M já acumula elevação de 25,71% nos últimos 12 meses.

Mas por que o IGP-M aumentou tanto?

O valor do IGP-M é definido com base em outros três índices: IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo), IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor-Mercado) e o INCC-M (Índice Nacional de Custo de Construção). Veja o que significam essas três siglas e como elas podem impactar a sua renda e despesas:

  1. IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo Mercado) – representa 60% do IGP-M: este indicador representa os preços de atacado e produtos industriais do país.  Com o dólar valorizado, como no cenário atual, tende-se a exportar mais alguns produtos. Esse movimento provoca a escassez desse item no Brasil e, por consequência, o seu valor aumenta. Alimentos básicos, como arroz, feijão e óleo, por exemplo, sofrem os efeitos dessa variação.

  2. IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor Mercado) – representa 30% do IGP-M: o IPC-M corresponde à inflação no varejo brasileiro. Com este indicador, é possível mensurar o poder de compra das famílias do país para produtos e serviços relacionados à educação, alimentação, saúde, transporte, entre outros.

  3. INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção Mercado) – representa 10% do IGP-M: o indicador calcula os preços do setor de imóveis e construções. Levantado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), esse índice mede o custo de insumos usados na construção de imóveis habitacionais. Com o controle desse indicador, é possível reajustar as parcelas em contrato na compra de imóveis que ainda estão sendo construídos.

Em nota, André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), explicou que esse aumento se deve principalmente ao câmbio.

A maior parte do indicador é composta por commodities ligadas ao setor industrial, como minério de ferro, cobre e alumínio, e também do agronegócio, a exemplo de milho, soja e trigo. Com a desvalorização cambial, esses produtos, cotados em dólar, aumentaram muito de preço, o que leva à pressão do IGP-M para cima.

Como essa alta pode te afetar?

O impacto no valor do aluguel pode variar de um estado para outro, pois é levado em consideração o valor do metro quadrado. Onde o metro quadrado é encontrado por um valor alto, o aumento do IGP-M resultará em um reajuste maior do que no local que o metro quadrado possui um menor custo.

Os locatários sempre têm uma margem de negociação, então, se o seu contrato está próximo de comemorar o aniversário, há possibilidade de tentar negociar um reajuste menor, já que atualmente o valor do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) está muito abaixo do IGP-M.

Sabemos que negociar o aluguel pode ser complicado, mas lembre-se de algumas dicas que podem te ajudar nesse momento: separe documentos que comprovem a sua renda (mesmo que eles não sejam exigidos), compare o preço do aluguel do seu imóvel com o dos vizinhos e tente negociar descontos para pagamentos adiantados.

E você? Já notou o aumento de preços do aluguel em seu comércio? Em caso positivo, tente seguir as dicas que mencionamos acima para diminuir o valor. Se a negociação não for bem-sucedida, faça uma nova revisão das despesas do seu estabelecimento, das menores às mais importantes, e tente identificar oportunidades de redução de custos.

 

Por ACSP