ARTIGO EXPÕE VULNERABILIDADE DOS MAIS POBRES À PANDEMIA NA CIDADE

No artigo “Covid-19: o mapa das mortes e a pobreza em SP”, publicado no Diário do Comércio, o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, traz dados alarmantes sobre a incidência de mortes por covid-19 nas regiões mais carentes da cidade.

Um estudo sobre a localização das mortes por covid-19 em São Paulo e às características dos atingidos com base em informações de 19,5 mil ocorrências mostrou que a primeira onda, entre março e setembro de 2020, confirmou que as regiões mais pobres são as mais castigadas pela pandemia, com a taxa de mortalidade pelo vírus sendo três vezes maior do que nas regiões privilegiadas.

“Se considerarmos que em São Paulo temos 1.728 favelas, 1.759 cortiços e mais de quatro centenas de pensões e habitações coletivas onde predominam as habitações com grande densidade de moradores, baixa renda e precariedade de infraestrutura, pode-se supor que a mortalidade da covid-19 continue a ser muito mais elevada do que nas demais regiões”, escreveu Solimeo.

O economista lembra que os grupos mais expostos ao risco de contrair o coronavírus também são desfavorecidos pela incidência de doenças crônicas, falta de acesso à informação e à infraestrutura de saúde. “A ação dos governos contra a pandemia não levou em conta esse fator, o que agravou ainda mais as disparidades na cidade. Não se conhece, até agora, as medidas específicas que tenham sido adotadas para ao menos minimizar essa situação dramática de uma ampla parcela da população”, aponta Solimeo.

Considerando que a vacinação de idosos é extremamente desigual na cidade, com diferenças significativas de percentuais de vacinação em função do IDH da região, o economista da ACSP defende que se direcione com urgência a vacinação para os focos mais graves de contaminação.

“Creio que uma saída desejável seria a de permitir às empresas importarem vacinas, de forma adicional, nunca em concorrência com o SUS, e doarem metade para ser aplicada exclusivamente nas regiões mais pobres, mais atingidas pelas mortes, independente de idade ou profissão. Assim, para cada ‘privilegiado’ vacinado, um ‘pobre’ também seria, com aumento do índice de vacinação e benefícios para todos”, conclui Marcel Solimeo.

Por ACSP