Biden na presidência: o que muda na relação dos EUA com outros países?

Desde que o democrata Joe Biden foi eleito presidente dos Estados Unidos, em novembro do ano passado, os países do mundo todo passaram a se questionar sobre os efeitos do novo governo nas relações com a nação mais poderosa do globo. E com o Brasil não foi diferente.

Para muitos especialistas, o cenário inspira otimismo. Em entrevista ao Portal R7, o professor Roberto Uebel, do curso de Relações Internacionais da ESPM, disse que o governo de Joe Biden “irá fazer uma mudança expressiva na forma como se relaciona com o mundo, com uma postura próxima do governo de Barack Obama”. Durante a posse de Biden, restrita a poucos convidados, Obama esteve presente.

Além disso, acredita-se que o novo governo pode fortalecer laços com instituições como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde). Nos últimos dias, Biden tem tentado reconectar os Estados Unidos à comunidade internacional, com a decisão de retornar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, do qual o país foi retirado há quase três anos pelo então presidente Donald Trump.

Como fica a relação entre Estados Unidos eBrasil?

Na visão da doutora em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, Juliane Furno, o Brasil está cada vez mais dependente dos EUA. De março a outubro de 2020, o déficit comercial teve um aumento de oito vezes. Isso quer dizer que estamos exportando mais dos nossos produtos de agronegócio, deixando o abastecimento local desfalcado. Como consequência, essa situação leva a  um aumento nos preços dos produtos aqui produzidos para os próprios brasileiros.

Durante as eleições norte-americanas, muitos governos se posicionaram e afirmaram que adotarão políticas mais protecionistas, o que pode dificultar uma relação de parceria comercial com o Brasil.

Além disso, Joe Biden também reforçou que uma das bandeiras que será defendida em seu governo será a de questões ambientais, o que distancia ainda mais o Brasil, tendo em vista as grandes queimadas que ocorreram no país no ano de 2020.

Conciliação com a China?

Após um período marcado por conflitos intensos, acredita-se que Biden tentará uma aproximação com a China, visto que, com Donald Trump no poder, a aliança entre os dois países ficou abalada.

A aproximação não significa necessariamente o início de uma grande amizade entre os países, mas uma abertura para negociações e pautas políticas. Ao Brasil, cabe ficar de olho na evolução dessa relação, já que hoje a China é o nosso maior parceiro comercial internacional.

Embora o governo Biden esteja apenas começando, alguns indícios do início dessas mudanças já podem ser vistos nos discursos do novo Presidente dos EUA. No entanto, atitudes que intervêm diretamente em relações comerciais devem aguardar mais alguns meses, visto que hoje a principal preocupação de Biden é controlar a pandemia do coronavírus em seu país, que registra o maior número de mortes pela doença no mundo.

 

Por ACSP