CEO da Credicitrus avalia cenário de financiamento para próxima safra em reunião do Conselho do Agronegócio da ACSP

por Ronaldo Luiz

O agronegócio brasileiro demanda em torno de R$ 900 bilhões para financiar uma safra, mas os recursos vinculados ao Plano Safra, que contam com equalização da taxa de juros, alcançam, em média, 30% desta cifra, com o restante, cada vez mais, tendo que ser captado pelos produtores rurais em outras fontes, sobretudo privadas, a taxas de mercado.

A análise foi feita pelo CEO do Sicoob Credicitrus, Walmir Segatto, durante mais uma reunião do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), liderado por Cesario Ramalho, realizada nesta segunda-feira (18).

O crédito rural passa por uma jornada de transformação em que as cooperativas de crédito vêm avançando como fontes de financiamento para o produtor rural, sobretudo os de pequeno e médio porte. Com mais de 161 mil cooperados e aproximadamente R$ 9 bilhões de ativos totais, a Credicitrus é uma das maiores cooperativas de crédito do país, com 120 filiais em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Segundo Segatto, a tendência é que o próximo Plano Safra, dedicado ao ciclo 2022/23, que tem seu início em 1o. de julho, deverá disponibilizar o percentual tradicional de cerca de 30% do total de recursos necessários para financiar a temporada, mas com o custo do capital mais caro, devido aos mais recentes reajustes da taxa básica de juros da economia, a Selic.

Quando a Selic sobe, o custo do dinheiro aumenta, dificultando o acesso, por exemplo, a crédito e financiamentos, inclusive o agrícola. O Plano Safra 2021/22 já apresentou taxas de juros, que são subvencionadas pelo Tesouro Nacional, mais altas na comparação com o ciclo anterior. Além disso, o volume de recursos equalizado pelo governo vem caindo, em razão, do cobertor orçamentário curto, sem contar a suspensão das operações subsidiadas da temporada corrente, que permanecem, no mínimo, bloqueadas até 29 de abril.

O executivo também alertou que outro agravante é o custo de produção no campo, que vem registrando consecutivas altas, devido, entre outros fatores, a desarranjos da economia mundial decorrentes da pandemia, como problemas logísticos globais, que foram acentuados pela eclosão da guerra no Leste Europeu.

Em sua exposição, Segatto destacou, ainda, que investir em boa gestão, fazer o hedge de suas operações financeiras e se, possível, o seguro da produção são ações de redução de riscos, que farão com que o produtor esteja mais bem preparado para navegar nesta jornada de busca por crédito e financiamento em outras fontes - além do sistema oficial.

Por ACSP