O Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) realizou na tarde de ontem (12/09), na Biblioteca do Comércio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o 1º painel de debates da “Mulher Autora”, no espaço reservado para elas, que leva o mesmo nome. Na frente de honra, Iracema Valadão coordenadora-geral do CMEC da sede e distritais, e as escritoras convidadas Antônia Soares André, Fabiana Ferreira e Andreia Dornel, com mediação da empresária Cynthia Michels, membro do CMEC Distrital Centro.
Durante quase duas horas, as convidadas tiveram a oportunidade de contar sobre suas biografias, processo criativo para a escrita de seus livros e networking com as mais de 35 mulheres participantes do painel, que teve “repercussão muito boa”, segundo Valadão, uma das organizadoras do evento.
“Estou muito satisfeita com essa primeira versão do “Mulher Autora” e já estou sendo cobrada para que outros eventos desse porte aconteçam. A pretensão é replicá-lo em todos os estados brasileiros onde há CMEC”, declarou Iracema, complementando que o painel oportunizou que as mulheres convidadas e algumas conselheiras do CMEC conhecessem a biblioteca da ACSP.
A coordenadora-geral ainda indicou que esse projeto, bem como o “Espaço da Mulher Autora”, conseguiu concessão na Secretaria Municipal de Cultura para que seja uma realidade nas 53 bibliotecas e em todos os centros culturais da cidade. “Está em stand-by, já foi aprovado, mas ainda não conseguimos colocá-lo em prática”, salientou.
A primeira a se apresentar foi a escritora Andreia Dornel, coordenadora do CMEC da Distrital Mooca, autora do livro “Mulher empreendedora de si mesma – A inovação começa com você”, no qual narra técnicas e compartilha ferramentas de gestão para mulheres que queiram aprimorar uma visão e atitude empreendedoras. “Para começar a empreender, primeiramente a mulher tem que empreender em si própria, na sua vida, na sua carreira e família. Depois, é claro, estará mais fortalecida para o cenário dos negócios”, indicou Dornel.
Para ela, o “Mulher Autora” é “um presente” por ser um projeto antigo que o CMEC sempre quis lançar. Dornel, como uma das coordenadoras do conselho, participou do processo de gestação desse evento. “É a realização de um sonho, uma conquista e com sensação de empoderamento das mulheres que escrevem. Aqui, a gente está livre para falar do nosso livro, da nossa história, compartilhando o que viemos para contribuir com o mundo, com muita alma e coração”, esclareceu.
A segunda a compartilhar sua história foi a autora Fabiana Ferreira, psicopedagoga e desenvolvedora do projeto “Ponto de Apoio”, que luta pela inclusão da pessoa com deficiência. Ela é autora do livro “O fogo não queima a alma: uma história de superação”, obra em que relata sua superação frente a um acidente que resultou em queimaduras em 50% do seu corpo. “Tive como diagnóstico uma cova aberta pelos médicos. Mas ela não estava aberta. Era só um processo doloroso, de muitas perdas e de muitas conquistas. Uma Fabiana teve que morrer para outra nascer”, compartilhou, emocionada.
Fabiana acredita que eventos como o “Mulher Autora” servem para que as mulheres saibam do valor que têm e sejam protagonistas de suas próprias vidas e histórias. “É preciso ter coragem. Ela nos move. Aproveite as oportunidades. Foi o que eu fiz”, recomendou.
O processo de escrita, para ela, foi um momento de reconstrução da própria vida. “Cada vez que leio minha história, eu me emociono. Isso [escrever] me cura. E é uma cura que vem de dentro para fora. E aí você percebe que realmente conseguiu superar toda a dor e perdas. Foi muito importante e terapêutico”.
E para encerrar o primeiro painel CMEC “Mulher Autora”, a escritora Antônia Soares André de Sousa, secretária adjunta de Cultura da cidade de São Paulo, com oito livros publicados e quatro cordéis, além de palestrante e professora de pós-graduação nas áreas lítero-narrativas e mediação de leitura. Ela relembrou sua infância difícil no interior do Ceará e seu amor pelas letras desde tenra idade, logo que aprendeu a ler sozinha, aos seis anos, com o apoio do irmão mais velho, e utilizando a “Cartilha Rápida”, que era equivalente à “Caminho Suave”, aqui na região sudeste. “Eu tinha fome de livro, e os achava no lixo. Minha mãe os restaurava para que pudesse lê-los”, explicou.
O primeiro livro que ganhou na vida, ainda criança, e que é apaixonada: “Iracema”, de José de Alencar. A escritora não perdeu tempo e logo começou a recitar o primeiro parágrafo desse clássico da Literatura Brasileira, puxando coro com uma das mulheres que acompanhavam sua apresentação, que também ama a obra da “[...]virgem dos lábios de mel, que tinha o cabelo mais negro do que a ave da graúna e mais longo do que o talhe da Palmeira[...]”. Ou seja, um momento de loas à literatura e à paixão pela leitura e cultura nacional.
A escritora é idealizadora do Prêmio Baobá, considerado o “Oscar dos Contadores de Histórias do Brasil”, já em sua oitava edição, e foi a relatora da lei que criou a Semana Municipal dos Contadores de Histórias na cidade de São Paulo.
Ao final do evento, todas as mulheres empreendedoras foram convidadas a uma sessão de autógrafos, seguida de coquetel no hall de entrada da Biblioteca do Comércio.
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Por ACSP