Colar Carlos de Souza Nazareth 2025 homenageia três Lojas Maçônicas

A Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP), Grande Oriente do Brasil de São Paulo (GOB-SP) e a Grande Oriente Paulista (GOP) foram as instituições homenageadas deste ano com a outorga do Colar Carlos de Souza Nazareth 2025, concebido para reverenciar o Movimento Constitucionalista de 1932, em cerimônia realizada na terça-feira (15), no auditório da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Criado pelo Comitê de Civismo e Cidadania (COCCID) da ACSP, em 2002, e oficializado por meio do Decreto nº 48.033/2003, a honraria agracia pessoas e entidades que, pelos relevantes serviços prestados à sociedade em geral, tornaram-se dignas de reconhecimento público.

Em sua mensagem, o presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, falou do orgulho e do respeito pela condecoração, argumentando que o evento é de grande prestígio e respeito à história cívica de São Paulo.

“É com muita honra que esta Casa realiza, nesta tarde, a entrega da mais alta condecoração da Associação Comercial de São Paulo, o Colar Carlos de Souza Nazareth. Todos já conhecem a história dele, mas é importante dizer que foi um dos que mais se sacrificaram por estar à frente de um movimento importante, não só de libertação, mas de respeito à Constituição”, disse Ordine.

Samir Nakhle Khoury, vice-presidente da ACSP e coordenador do COCCID, ao agradecer a presença de todos na cerimônia e evocar a importância do Colar, lembrou, também, que a ACSP é uma entidade que acolhe e trabalha em prol da valorização do empreendedorismo. “Esta é a Casa do empreendedor, democrática, uma Casa na amplitude do termo, que abriga todos os setores de empreendedorismo, aqueles que querem de fato progredir”, enfatizou.

Prosseguindo a solenidade, Pedro Paulo Penna Trindade, confrade do Comitê de Civismo e Cidadania, declamou o poema “Eu Te Amo São Paulo”, de Paulo Bomfim, o Príncipe Dos Poetas. Em seguida, a confreira do COCCID, Nilzangela de Lima Souza, compartilhou com os presentes o poema “A lição de 32”, de Carolina Ramos, a “Princesa das Trovas”.

Ao som da marcha Paris Belfort, considerada o hino do Movimento Constitucionalista de 1932, iniciou-se a outorga do Colar Carlos de Souza Nazareth 2025, com Roberto Mateus Ordine e Samir Nakhle Khoury efetuando a entrega das condecorações.

A primeira homenageada foi a Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP), representada pelo Sereníssimo Grão-Mestre Jorge Anysio Haddad. Após saudar a todos, ele apresentou um vídeo sobre obeliscos mundiais, destacando seu significado histórico e simbólico, com foco no Obelisco do Ibirapuera e suas ligações maçônicas. Além disso, ressaltou a necessidade de revigorar a cultura cívica e a consciência histórica no Brasil, especialmente em relação à Revolução Constitucionalista de 1932.

Logo depois, foi a vez da Grande Oriente do Brasil de São Paulo (GOB-SP), representada pelo Sereníssimo Grão-Mestre Ruberval Ramos Castello. Na sua fala, expressou gratidão pelo Colar e enalteceu o papel de Carlos de Souza Nazaré na luta pela defesa da reconstitucionalização do Brasil em 1932.

A Grande Oriente Paulista (GOP) foi a terceira condecorada, representada pelo Sereníssimo Grão-Mestre Fernando Fernandes, que agradeceu a homenagem e salientou a presença da Maçonaria em São Paulo desde 1830 na missão de preparar homens para serem cidadãos éticos para o benefício da sociedade. Após a outorga aos homenageados, ocorreu a apresentação de jogral, realizada pelos grão-mestres.

A cerimônia prosseguiu com outro poema de autoria do Paulo Bomfim. Dessa vez, “Os Jovens de 32”, articulado pelo confrade do COCCID José D’Amico Bauab. Posteriormente, o confrade do Comitê de Civismo e Cidadania, Cel. Luiz Eduardo Pesce de Arruda, efetuou a apresentação “Referências Maçônicas no Mausoléu e Obelisco de 1932”. Nela, foram abordados o profundo impacto social da Revolução de 1932 em São Paulo e o papel da Maçonaria no apoio à causa paulista e às famílias afetadas.

Ao final da cerimônia, foram sorteados seis exemplares do livro “1932, Noventa Anos da Luta Democrática Paulista”, organizado por Carlos Romagnoli e Luiz Fernando Marcondes, além do anúncio da abertura da exposição “Anos de História”, com obras da confreira e artista plástica, Cristiane Carbone, exibida no lado externo do auditório da ACSP.

Colar Carlos de Souza Nazareth

O Colar Carlos De Souza Nazareth, maior honraria da Associação Comercial de São Paulo, foi criado para reverenciar o movimento constitucionalista de 1932, homenageando pessoas e instituições que, pelos relevantes serviços prestados à sociedade em geral, tornaram-se dignas de reconhecimento público.

Simbolizando a luta pela liberdade e construção de um futuro digno e justo, o colar recebe o nome de Carlos De Souza Nazareth, presidente da ACSP durante a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, que marcou os esforços paulistas em busca de uma constituição adequada para o crescimento do País e maior abertura democrática.

O Colar foi oficializado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio do Decreto nº 48.033, de 19/08/2003. Desde sua criação, foram homenageadas 90 entidades e personalidades de relevância nacional e mundial.

Carlos de Souza Nazareth

O empresário Carlos de Souza Nazareth assumiu a presidência da Associação Comercial de São Paulo em 10 de fevereiro de 1932, aos 33 anos. Exerceu também os cargos de presidente da Junta Comercial de São Paulo, da Companhia de Entrepostos Gerais do Estado de São Paulo, da Bolsa de Mercadorias e do Clube Atlético Bandeirante.

Trabalhou na arrecadação de fundos, no recrutamento de voluntários e na organização da logística do exército paulista. Após o fim do Movimento, foi deportado para Portugal, retornando ao Brasil dois anos depois. Antes de partir para o exílio, Souza Nazareth enviou um telegrama aos seus companheiros da Associação Comercial, concluindo sua mensagem com a frase "Não esmorecer para não desmerecer".

Em 1934, foi eleito deputado estadual pelo Partido Constitucionalista, tendo recebido 224.423 votos. Faleceu em 28 de março de 1951, aos 52 anos.

ACSP na Revolução Constitucionalista de 1932

Em 1932, a Associação Comercial de São Paulo, juntamente com outras lideranças de São Paulo, participou das discussões com o regime de Getúlio Vargas. Diante da dificuldade de chegar a um consenso, a ACSP, liderada por seu 18º presidente, Carlos de Souza Nazareth, participou da campanha pela defesa da Constituinte, o que levou à criação do Movimento.

A entidade iniciou a arrecadação de fundos e organizou a doação de suprimentos e equipamentos militares aos soldados. Em reunião com o então secretário da Fazenda, a ACSP foi designada como a responsável pelo controle das receitas e despesas do Movimento e prestar contas ao Tesouro, sendo o elo entre o governo e as associações de classe. Além disso, dedicou-se para a assistência às famílias dos soldados, fornecendo alimentos e medicamentos doados pela população.

Campanha do Ouro para o bem de São Paulo

Organizada pela Associação Comercial de São Paulo, a iniciativa Ouro pelo Bem de São Paulo, ou Ouro pela Vitória, buscava arrecadar fundos para promover o movimento revolucionário. A campanha pedia que os paulistanos doassem objetos de ouro e outros valores em troca da luta contra o governo interino de Getúlio Vargas.

Com o fim do movimento de 1932, a comissão organizadora da campanha decidiu doar o restante dos recursos à Santa Casa de Misericórdia, o que levou à construção de um prédio no Largo da Misericórdia, na cidade de São Paulo. A Santa Casa foi escolhida devido à assistência recebida da instituição durante o conflito. Foi o hospital oficial da Revolução.

Veja as fotos: flic.kr/s/aHBqjCmHmn

Por ACSP - 16/07/2025