Comitê de avaliação de conjuntura da ACSP vê crise na agricultura como algo pontual

São Paulo, 1º de abril de 2024 - O Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP) realizou nesta quinta (28) mais uma reunião do Comitê de Conjuntura Econômica, que, mensalmente, faz uma avaliação do comportamento dos vários setores da economia brasileira. Coordenado pelo professor e economista Edy Luiz Kogut, o evento contou com a presença dos economistas do IEGV Marcel Solimeo, também superintendente institucional da ACSP, e Ulisses Ruiz de Gamboa.

Agricultura
O agronegócio acendeu um sinal amarelo nesse início de ano, por conta, principalmente, das variações climáticas provocadas pelo fenômeno El Nino, que impactou em maior escala alguns estados brasileiros, mas que de um modo geral provocou uma queda na produtividade da soja. A estimativa para a safra 2023/24 tem variado de 149 t a 156 t, contra as 160 t da safra 2022/23. Além disso, é importante levar em consideração a queda nos preços internacionais de grãos, já que a próxima safra emite sinais de queda de produção, principalmente se considerarmos a redução de 15 a 20% da produção de máquina, equipamentos agrícolas, e insumos, nesse primeiro bimestre de 2024.

Apesar da crise instalada na agricultura, o consenso geral é de que se trata de uma crise pontual e que já existem investimentos em novas terras para a plantio de soja e milho, o que deve significar uma retomada da alta produtividade das commodities brasileiras. Em relação à pecuária, existe uma avaliação de redução da produção, por conta da substituição do uso da terra utilizada para pasto, para a plantação de eucaliptos em algumas regiões. Outro setor analisado foi a cana-de-açúcar, que passa por um momento positivo com alta produtividade e investimentos das usinas de açúcar e álcool.

Indústria
No setor industrial fica claro que existem algumas diferenças entre a indústria extrativa, favorecida pela exportação de minérios, e a indústria de transformação que varia de acordo com poder aquisitivo, redução de juros, empregabilidade e confiança das famílias. De qualquer forma, a indústria tem uma expectativa de crescimento de 2,4% em 2024.

Construção Civil
O setor imobiliário continua demonstrando um grande crescimento, embora continue enfrentando os excessos da burocracia e de uma legislação que poderia ser mais simplificada. Além disso, a expectativa em relação à reforma tributária não é das mais positivas, gerando uma preocupação de aumento de impostos para o setor. Em todo o caso, programas com benefícios e subsídios como Minha Casa Minha Vida têm contribuído decisivamente para o crescimento do setor. É importante ressaltar que o principal mercado imobiliário é o estado de São Paulo, especialmente a cidade de São Paulo, que movimenta a maior parte do setor.

Conclusão
Apesar de um início de ano mais aquecido, acima das previsões, a tendência é de desaquecimento do Produto Interno Bruto (PIB) e de redução da atividade econômica, em geral, inclusive do comércio. Isso está relacionado aos juros ainda altos, que mesmo com a redução da Selic, que vem ocorrendo já há alguns meses, deverão ter cortes menores no decorrer do ano. Além disso, existe uma queda na renda das famílias, em relação ao ano passado, e na confiança do consumidor.

Por ACSP