Conselho do Agronegócio debate o mercado global de proteína

Na segunda-feira (29), o Conselho do Agronegócio, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), debateu, na sede da entidade, o tema "O mercado global de proteína: oportunidades e desafios". A palestra, ministrada por João de Almeida Sampaio Filho, vice-presidente do Conselho Superior do Agronegócio (COSAG/FIESP) e diretor de Relações Institucionais da Minerva Foods, abordou o panorama da pecuária e do comércio internacional de carne bovina, com foco no papel do Brasil e da América do Sul, estratégicos no fornecimento global de proteínas, mas, atualmente, enfrentando desafios competitivos relacionados a tarifas, cotas de importação e acordos comerciais.

No início da sua apresentação, Sampaio Filho destacou que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, sendo um dos principais produtores, e figura entre os três maiores produtores de proteínas. Contudo, de acordo com o palestrante, nem sempre foi assim, sendo o cenário atual algo bem recente no País. “Até o início dos anos 2000, o Brasil era importador de carne”, apontou. “Importávamos da Polônia, Argentina e do Uruguai”.

Foi salientado que essa mudança ocorreu a partir do momento em que o Brasil começou a trabalhar a sanidade animal, mostrando ao mundo que possuía produtos de qualidade e declarado livre de febre aftosa sem vacinação, eliminando barreiras sanitárias.

Sampaio Filho disse que o maior rebanho comercial do mundo é o da América Latina, em torno de 350 milhões de cabeças. “Carne bovina, exportação, produção, a base está aqui na América do Sul, e, principalmente, no Brasil, que tem mais da metade desse volume”. Entre 2020 e 2024, o Brasil manteve-se como o principal produtor regional, seguido por Argentina, Paraguai, Uruguai e Colômbia.

Brasil e Argentina figuram como os principais exportadores de carne bovina, com destaque para o desempenho brasileiro, que vendeu 2,5 milhões de toneladas em 2024, consolidando sua posição como um dos maiores fornecedores globais. Além disso, o País se especializou na produção de carne para uso industrial, aquelas usadas em hambúrgueres, almôndegas e lasanhas, por exemplo. Segundo o palestrante, esse é o segmento de maior crescimento global, e a carne brasileira é valorizada justamente pela eficiência industrial na separação da gordura.

“A gordura do nosso animal é separada da carne, então consigo fazer um produto em que dou 80 (carne) / 20 (gordura). O animal do sangue europeu, a gordura é interminável".

Apesar da pujança do setor sul-americano, os produtores encontram limites no mercado global devido a impostos e barreiras tarifárias. Enquanto o Brasil enfrenta sobretaxas significativas graças ao tarifaço norte-americano, reduzindo a sua competitividade global, a Austrália usufrui de tarifas reduzidas graças a seus 18 acordos de livre comércio em vigor, incluindo os principais importadores, entre eles, China, EUA, Japão, Coreia, Chile, Malásia, Indonésia e Singapura. Além disso, países importadores estratégicos, como Estados Unidos, União Europeia e China, utilizam mecanismos regulatórios para proteger seus mercados.

Para o Brasil, a competitividade internacional não se sustentará somente por sua robustez produtiva. É necessário existir um maior engajamento da diplomacia comercial nas negociações de novos acordos internacionais, principalmente no atual cenário global, dependendo de políticas que ampliem sua integração global, reduzindo barreiras e assegurando maior previsibilidade ao setor exportador.

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Por ACSP - 29/09/2025