CPU e NEU debatem impactos geológicos no desenvolvimento urbano

Na quarta-feira (18), o Conselho de Política Urbana (CPU) e o Núcleo de Estudos Urbanos (NEU) realizaram um encontro para discutir o tema "As Condições Geológicas e Seus Impactos no Desenvolvimento Urbano". O evento contou com a participação dos geólogos Álvaro Rodrigues dos Santos e Eduardo Soares de Macedo; do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Mateus Ordine; do coordenador do CPU, Antônio Carlos Pela; e do coordenador adjunto do NEU, Valter Caldana.

O presidente da ACSP abriu o evento destacando a importância do tema. “Com certeza, é um assunto extremamente oportuno, ainda mais pelo atual momento que estamos presenciando, com tragédias cada vez mais frequentes pelas mudanças climáticas”, disse Ordine.

O coordenador do CPU também pontuou a necessidade de debater o tema, lembrando dos índices de poluição que os paulistanos foram expostos. “É inegável a urgência da temática ambiental nos debates globais, sobretudo às catástrofes e desastres climáticos. Quem vive na cidade de São Paulo respirou o ar mais poluído do mundo na última semana, alcançando a pior medição na quarta-feira, dia 11 de setembro, conforme dados do site suíço IQAir”, pontuou Pela.

Seguindo na mesma linha, o coordenador adjunto do NEU reforçou que “estamos vivendo um momento bastante delicado no mundo. Ou inunda, alaga ou tem enchente, e ninguém sabe a diferença entre as três coisas. Aí, na outra ponta, pega fogo, e você não respira. Então, se alguém tinha dúvidas de que alguma coisa não vai bem, não precisa mais ter”. Caldana enfatizou a necessidade de aprofundar o debate, como questões geológicas e geomorfológicas, e o modelo extrativista de desenvolvimento urbano.

Álvaro Rodrigues dos Santos, em sua apresentação, falou do papel da geologia na urbanização das cidades brasileiras, sendo ela crucial no planejamento das áreas urbanas. Destacou algumas contribuições que essa ciência da Terra oferece, como, por exemplo, uma análise do impacto da interferência do homem no meio ambiente, como a impermeabilização do solo, que reduz a capacidade de retenção de água e aumenta o escoamento, provocando enchentes e erosão. 

“A regra fundamental das enchentes urbanas vem da impermeabilização das cidades. Com isso, você reduz, tremendamente, o volume de água e de chuva que seriam retidos pela natureza geológica”.

Ele também mencionou casos de cidades que vivenciaram problemas causados devido à interferência humana, como São Paulo, que sofre com a ocupação de encostas e cabeceiras de drenagem, consideradas áreas de risco, resultando em deslizamentos e enchentes.

Santos completou que a geologia pode contribuir em várias frentes, seja no planejamento sustentável, na gestão de recursos hídricos, na redução de riscos naturais e na conscientização da população e dos gestores sobre a importância de respeitar as características naturais do terreno.

Já o geólogo Eduardo Soares de Macedo, reforçou a importância de um planejamento urbano eficaz, que inclua mapas de áreas de risco e cartas geotécnicas nos planos diretores das cidades. “A gente não tem cartas geotécnicas na maioria absoluta dos países, e essas cartas, quando as têm, não entram no plano diretor”, relatou.

Ele também apontou a formação inadequada das equipes técnicas responsáveis pelo planejamento urbano e a ausência de profissionais qualificados, como geólogos e engenheiros, além de um planejamento urbano que trate da adaptação às mudanças climáticas que estão afetando as cidades com eventos climáticos extremos.

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Por ACSP