Destino de resíduos sólidos e logística reversa são temas de reunião do CPU da ACSP

O Conselho de Política Urbana da Associação Comercial de São Paulo reuniu na última quarta-feira (20), na sede da entidade, especialistas em meio ambiente e políticas públicas voltadas para os resíduos sólidos produzidos na cidade de São Paulo. A reunião em formato híbrido (online e presencial), foi aberta pelo coordenador do CPU, e Vice-Presidente da ACSP, Antônio Carlos Pela que participou remotamente, e destacou a importância do encaminhamento de propostas e novas soluções em relação ao descarte do lixo nas grandes metrópoles. 

Presencialmente a reunião foi conduzida por Alessandro Azzoni, coordenador do NESA, Núcleo de Estudos Socioambientais, e contou com a participação na mesa de Mauro Haddad Nieri, gerente de saneamento da SP Regula, autarquia municipal de serviços responsável pela gestão de concessões e serviços públicos delegados, Sergio Henrique Forini, professor de gestão e engenharia ambiental e Majorie Peralta, especialista com experiência na área ambiental e diretora da Maly Consultoria Ambiental.

Agradecendo a oportunidade de debater um tema tão importante para o meio ambiente, o advogado Mauro Haddad lembrou que todas as boas soluções para o descarte de resíduos devem ser encontradas em conjunto, já que elas não são simples. “São Paulo tem uma quantidade gigantesca de lixo, proporcional aos seus 12 milhões de habitante e, sem dúvida, o sistema de logística reversa, previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, é fundamental para viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, no reaproveitamento em ciclos produtivos ou destinação final adequadas”.

A SP Regula é responsável pela gestão, regulação de contratos e licitações desde 29 de julho de 2020. A autarquia atualmente é responsável pela iluminação pública e gerência de mercados e equipamentos de lazer, bem como pela gestão de resíduos na cidade de São Paulo. Antes, essa atribuição era da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (AMLURB). A mudança está de acordo com Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada no começo deste ano. A autarquia regula a atuação dos contratos de concessão de coleta de resíduos urbanos – da LOGA e da ECOURBIS – e os consórcios para a limpeza pública. Neste sentido, as cooperativas de catadores também trabalham em parceria com a administração municipal na reciclagem e implementação do sistema de logística reversa no município de São Paulo.

Segundo Mauro Haddad, a SP Regula está se estruturando para realizar um trabalho em sintonia com a população da cidade: “São Paulo gera 18 mil toneladas de lixo diariamente, vamos precisar de projetos realmente eficazes, envolvendo novas tecnologias e, especialmente, a conscientização da população em relação à logística reversa de resíduos sólidos”. Haddad acrescentou ainda que a Prefeitura tem desenvolvido programas para ampliar e otimizar a coleta seletiva reduzindo em 600 mil toneladas a quantidade de resíduos enviados para os aterros até 2024, em consonância com o PLANCLIMA e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

O engenheiro Sergio Forini lembrou que a indústria de um modo geral vem se adequando à necessidade de criar um ciclo para os produtos. Na indústria do plástico e em setores da indústria da construção, temos exemplos de reutilização e produção de material reciclado a partir do entulho. Ainda assim, segundo ele, “faltam dados mais exatos em relação à área de resíduos sólidos. Trabalha-se com estimativas. Precisamos de um gerenciamento dos dados ambientais relacionados aos aspectos econômicos e sociais. A responsabilidade para a criação de uma economia sustentável, de uma política de logística reversa eficiente deve ser compartilhada entre a indústria, o comércio, o consumidor e a sociedade em geral”.

Por sua vez, a ambientalista Majorie Peralta ressaltou as atividades voltadas para a sustentabilidade e o meio ambiente como oportunidade de geração de empregos e retorno financeiro. “Os empresários precisam perceber que existem novos modelos de negócios a partir da sustentabilidade. Temos que criar uma linguagem comum em relação ao setor, que envolva todas as cadeias. Temos que mudar a mentalidade das grandes empresas”.

Encerrando a reunião, o coordenador do CPU e vice-presidente da ACSP, Antônio Carlos Pela agradeceu a presença dos especialistas. “Foi uma aula muito esclarecedora para todos nós. A inovação é fundamental nesse setor. O lixo passa por várias etapas e é um tema muito complexo. Temos que usar todos os meios, inclusive a comunicação social para conscientizar empresários e a população em geral sobre a importância da sustentabilidade em relação ao meio ambiente. A ACSP está sempre preocupada com tudo que se refere à cidade São Paulo, sempre sugerindo e procurando as melhores soluções".

Por ACSP