São Paulo, 4 de dezembro de 2023 - O último evento de 2023 do Conselho Político e Social (COPS) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi realizado na segunda-feira (4), no Auditório da entidade, e contou com as palestras dos ex-embaixadores Marcos Azambuja e Rubens Barbosa sobre o tema “Novos tempos, velhas crises”.
Na abertura, o presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, deu boas-vindas aos convidados e participantes. “É mais um dia histórico na associação, que tem a honra em receber a diplomacia brasileira representada pelos dois ex-embaixadores, Azambuja e Barbosa. Durante todo o ano, o COPS recebeu personalidades importantes e, no próximo dia 4 de março de 2024, vamos receber o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto”, ressaltou.
O coordenador do COPS, Heráclito Fortes, afirmou que receber os palestrantes, grandes expoentes da diplomacia brasileira para esse encerramento de 2023, é marcante. “Nada mais importante que poder ouvir dois especialistas em relações internacionais que poderão compartilhar a visão que cada um tem do mundo”.
Em seu discurso, o diplomata Rubens Barbosa, atualmente presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), destacou as mudanças das áreas econômicas e políticas. “No Brasil, os fatores externos têm pouca tensão e muitas vezes não percebemos a crescente influência externa sobre a política e economia interna”.
Em relação à transformação global, Barbosa fez um contexto histórico desde o final da Segunda Guerra Mundial, trazendo alguns pontos fundamentais como a inclusão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, a pandemia da Covid-19, causando uma revolução mundial, porque os países se deram conta que as cadeias globais de valor estavam concentradas na China e as guerras Rússia x Ucrânia e Israel x Hamas. “Nos últimos 12 anos, houve uma crescente tensão entre Estados Unidos e China. Esse conjunto de fatores, emergência daquele país na OMC, pandemia, crises financeiras, passando pelos conflitos nos indicam essas transformações da ordem econômica-política global e isso acarretou a generalização das análises feitas com ênfase na geopolítica”.
Para Barbosa, o Brasil é visto como um dos centros de poder pela importância do meio ambiente, sustentabilidade, mudança de clima, transição energética e segurança alimentar. “De forma geral, não sei se há essa consciência na geopolítica que as fronteiras despareceram e que a política interna depende do que está acontecendo no mundo”, finalizou.
O diplomata Marcos Azambuja, conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), ressaltou que a hegemonia norte-americana está em declínio. “Estamos acompanhando o fim de um ciclo que os Estados Unidos detiveram uma máxima de poder e influência extraordinários. Os EUA é um herdeiro de superpotências, sendo o império para o qual se deslocaram todos os velhos impérios. É interessante, porque o país vem acumulando riquezas há 200 anos, enquanto a China há dez”.
Azambuja relembrou que quando presidiu a primeira comissão mista Brasil-China na década de 70, o Brasil era mais poderoso que a China economicamente. “Quase 50 anos depois, estamos observando o deslocamento do poder não só para a China, mas também de forma transoceânica, do Atlântico Norte para o Pacífico”, salientou.
No caminho das relações internacionais, Azambuja tem a percepção que o Brasil navega como deve. “Finalmente, na diplomacia, o nosso país voltou a ser cordial, pacífico, amistoso e cooperativo. Temos a sorte de estarmos situados em uma geografia que não possuímos nenhuma ameaça, nossas fronteiras são pacíficas e temos um convívio harmonioso com nossos vizinhos. Eu possuo uma confiança extraordinária no Brasil, pois a frase estampada na nossa bandeira é ‘Ordem e Progresso”.
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Por ACSP