ECONOMISTA DA ACSP COMENTA ARTIGO DE SERRA SOBRE A COVID

Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), escreveu artigo para o Diário do Comércio comentando um texto publicado pelo Estadão, com assinatura do Senador José Serra, intitulado “Solidariedade pelo bem comum”. A reflexão do ex-Ministro da Saúde recai sobre a gravidade da pandemia e apresenta um roteiro do que a seu juízo deve ser feito.

Solimeo destaca que Serra “não defende no artigo fechamento, lockdown, e outras medidas que vêm sendo adotadas. Acredito que com sua experiência de governador e prefeito, sabe que nem todos podem seguir a recomendação de ficar em casa”.

“Mas as considerações do ex-ministro permitem que perguntemos às autoridades municipais e do estado o que fizeram, estão fazendo, ou pretender fazer, além de fechar empresas e destruir empregos, para ‘utilizar com inteligência’ as bases de dados e realizar testagens, monitoramento, rastreio e isolamento para reduzia as taxas de contágio”, escreveu o economista da ACSP.     

“Em vez de parar São Paulo, capital econômica do Brasil, com o resto do país funcionando, não seria mais acertado procurar detectar os centros e as causas de expansão do contágio? A experiência de antecipação dos feriados anterior não foi bem-sucedida. Repetir a mesma experiência, simplesmente aumentando a dose, não parece que possa dar resultado diferente”.

Como apontou Serra, Solimeo chamou a atenção para as pessoas que não têm condições de ficar em casa, pois vivem em “aglomerados subnormais”, para usar a linguagem do IBGE, como as favelas, cortiços e habitações coletivas precárias, além dos mais de 24 mil “moradores de rua”. As estatísticas da Prefeitura mostram que o número de contaminação e de mortes é proporcionalmente maior onde há grande concentração desses “aglomerados subnormais”.

“A indicação mais precisa dos locais das ocorrências permitiria ações específicas nessas localidades, na linha do que defende o Senador, que conhece a realidade de São Paulo. Como se pode pedir para ficar em casa a quem vivem nessas condições e, muitas vezes, até com carência de alimentos? O que os moradores podem fazer nesse longo período? O que os jovens irão fazer?”, questiona Solimeo, encerrando seu texto com a colocação de Serra de que a “a solução definitiva é coletiva e todos podemos praticar a solidariedade pelo bem comum”.

Por ACSP