Quando a pandemia chegou ao Brasil, ainda no primeiro trimestre, os governos reforçaram a necessidade do isolamento social como uma das principais medidas para conter o avanço da doença. Até as idas ao supermercado, uma atividade considerada essencial, ficaram menos frequentes: de modo geral, os brasileiros passaram a comprar produtos em maior quantidade, com receio de uma possível escassez.
Em seguida, iniciou-se uma campanha de conscientização: veículos de comunicação e os próprios estabelecimentos comunicavam que não havia risco de desabastecimento, portanto, não era preciso “estocar” comida. Além disso, essa prática poderia justamente levar à falta de produtos e a um aumento dos preços, prejudicando especialmente os mais pobres.
Alguns meses se passaram e, em junho, os comércios considerados “não essenciais” receberam autorização para voltar a funcionar em São Paulo, mas com algumas medidas de segurança. De lá para cá, a tão temida escassez e o encarecimento de itens começaram a acontecer em outros setores.
O que está gerando a escassez?
Falar em falta de produtos pode até causar estranheza, afinal, o país atravessa um período de alto desemprego e restrição do consumo. Mesmo assim, muitos estabelecimentos não estão encontrando matéria-prima suficiente e já precisam aumentar os seus preços. Muitos lojistas não estão conseguindo repor seus estoques de roupas, artigos de cama, mesa e banho e brinquedos.
Não é segredo para ninguém: a chegada da pandemia colocou a organização das empresas de cabeça para baixo. Tanto as indústrias, responsáveis pela produção dos itens, quanto os comércios precisaram mudar sua forma de trabalhar e reduzir sua capacidade produtiva.
Depois de meses em casa e comprando menos, os consumidores vivenciaram o que se chama de “demanda reprimida”. Com as atividades voltando ao normal, há uma tendência de que a procura por produtos e serviços fique, por um período, mais intensa do que na fase pré-pandemia.
O que esperar dos próximos meses?
Esse cenário é ruim para os dois lados: o consumidor, que fica frustrado ao não encontrar o que busca nas prateleiras, e as empresas, que, desabastecidas, perdem a oportunidade de faturar após um período tão delicado.
Mas, segundo os especialistas, essa fase é momentânea. As empresas fornecedoras de matéria-prima ainda estão se adaptando ao retorno da demanda e os consumidores, por sua vez, estão retomando seus antigos hábitos de compra aos poucos. E esse é um problema que tem sido enfrentado no mundo todo.
A tendência, então, é que nos próximos meses a indústria volte a operar com maior capacidade produtiva e, gradativamente, possa oferecer produtos na mesma proporção que antes.
O que os comerciantes podem fazer agora?
Não tem outro jeito: já que se trata de um problema de grande escala, os lojistas precisam se adaptar à falta momentânea de produtos. Como?
Mais do que nunca, é preciso ouvir as necessidades do seu cliente e tentar encontrar alternativas para atendê-lo. Se ele busca por um produto que não está disponível na sua loja, por exemplo, tente sugerir a compra de outro semelhante ou informe se há previsão para que essa mercadoria chegue.
Outro ponto importante é ser transparente com o consumidor, que pode estranhar a alta de preços dos itens. Diante de reclamações ou insatisfações, informe ao seu cliente sobre a dificuldade de encontrar matéria-prima neste momento a fim de que ele entenda a situação do mercado. Essa é uma forma de mostrar que a sua empresa respeita o cliente e que não está praticando uma margem de lucro abusiva em um momento tão difícil.
Por ACSP