
Na manhã desta segunda (03), a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) recebeu o chefe do Executivo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), em reunião do Conselho Político e Social (COPS), da Casa. Com a palestra “Rio Grande do Sul do Futuro: transformação, reconstrução e desenvolvimento”, Leite fez um balanço de suas gestões e concedeu ao público sua visão de Brasil com background de sua jornada na condução do estado gaúcho.
O governador pontuou como liderou a crise fiscal do estado; abordou concessões e privatizações realizadas; detalhou a Segurança Pública, que precisa de “integração, inteligência e investimento” para combate à criminalidade; falou de saneamento básico e eleições 2026, e declarou: “Sinto-me pronto e em condições para concorrer à Presidência. Quero ajudar, dar minha contribuição para o futuro do País”.
“É uma alegria recebermos, de volta, o governador Eduardo Leite, que faz parte da safra de governadores da renovação e traz esperança para nos ajudar a encontrar caminhos para o Brasil”, disse Alfredo Cotait Neto, vice-presidente da ACSP e presidente da Confederação Associações Comerciais do Brasil (CACB) e Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), nesse ato, representando o presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine.
Eduardo Leite, 40 anos, governador reeleito, tem como marca uma gestão reconhecida por profundas reformas estruturantes. Durante sete anos, vem dialogando e abrindo o Rio Grande do Sul à iniciativa privada, e ostenta como bandeiras a redução do ICMS para o menor patamar da Federação e um dos menores índices de criminalidade do País.
Ele iniciou sua apresentação destacando toda sua experiência para conter a crise fiscal de seu estado, como prova de que é capaz de enfrentar a de âmbito nacional. “Tenho uma visão de Brasil, mas com background da minha jornada no Rio Grande do Sul para lidar com crises”, destacou.
Quando assumiu, em 2019, o Rio Grande do Sul estava em “situação grave nas contas públicas”, com salários atrasados dos servidores públicos, dívidas com governo federal e na Saúde, que chegavam à cifra de 1 bilhão de reais, impostos majorados e sem capacidade de investimentos. “Enfrentamos a crise fiscal com uma forte agenda de reformas”, esclareceu.
E tanto a reforma administrativa quanto a previdenciária, Leite deixou claro que respeitaram a isonomia, e atingiram servidores civis e militares, com revisão de benefícios para todos os poderes, sem licenças-prêmios e demais penduricalhos, além de imposição de teto de gastos e investimento em privatizações e concessões, que somam mais de 46 bilhões de reais.
Segundo ele, houve a imposição de um “estado mais rigoroso em termos de redução de folha de pagamento”. A média de crescimento de folha, no Brasil, é de 53%, no Rio Grande do Sul, após as reformas, passou a 19%.
Leite ainda pontuou que, hoje, o seu estado é forte economicamente, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) “sensivelmente melhor que a média nacional, líder em inovação e eficiência na máquina pública e em terceira posição no ranking de competitividade”. No quesito Segurança Pública, houve 60% de redução de homicídios e o estado “possui o menor número de roubos de celulares per capita do Brasil”.
Para ele, na segurança, é fundamental investir nos “três is”: “integração” entre os setores da polícia; “inteligência”, para enfrentar as lideranças do crime; e “investimento”, para que não se perca a batalha para os criminosos. Nesse momento, Leite criticou o governo federal, dizendo que o ente nacional está se “esquivando de suas responsabilidades”, aguardando a aprovação da PEC da Segurança Pública para agir. “Há falta de apetite do governo [federal]. O presidente da República precisa liderar o processo. Não precisa esperar uma legislação para se ter ação entre as demais esferas. Eu vejo uma incapacidade do governo, que depende da PEC para administrar a crise da Segurança Pública”, pontuou.
Contudo, quando questionado sobre a megaoperação no Rio de Janeiro e de sua participação no “Consórcio da Paz”, liderado pelo governador do Rio, Cláudio Castro, Leite disse que não participou porque seria “inviável, logisticamente”, por causa de reuniões no Rio Grande do Sul que exigiam sua presença, e complementou dizendo que não tem “opinião sofisticada para tratar das estratégias utilizadas na operação”. “Não tenho capacidade de dar opinião completa sobre e tenho coragem de dizer”, esclareceu.
Ainda com relação à segurança, Eduardo Leite cutucou o governo Lula, dizendo que há muito “apetite para temas sociais” e “nenhum apetite para a segurança pública”. “Aquela declaração de ´traficante ser vítima do usuário’ é ruim, mas é um histórico do PT em ser benevolente com os criminosos, quando dizem que eles são vítimas da sociedade”. Por outro lado, ele também criticou o slogan dos seguidores de Bolsonaro, não concordando com a frase “bandido bom é bandido morto”, citando que isso também não é a solução.
Quanto à polarização política, Leite afirmou que isso atrapalhou sua candidatura em 2022, tendo perdido, no segundo turno, 15% dos votos no dia da eleição. “Não estava abraçado nem a Lula nem a Bolsonaro, por isso perdemos votos. Mas a polarização, em si, não é o problema, porque já existia desde PT versus PSDB. A questão é o radicalismo, que combate ideias e pessoas. Muita energia para destruir o outro e não construir algo diferente”, explicou, colocando-se como um terceiro polo e defendendo outra postura para 2026: “Para quem está no Centro, como eu me posiciono, é se posicionar no campo das ideias, explicando o que fizemos no mandato com firmeza nos argumentos. Mostrar de maneira incisiva a visão de mundo sem querer ser um detrator do outro”.
Apesar dessa postura, Leite aposta que, se houver novamente polarização contra candidato radicalizado, o presidente Lula será reconduzido ao Poder. “Temos que votar a favor de um Brasil que a gente acredita. Temos que ir às urnas com os nossos melhores sentimentos, com esperança e expectativa”, vaticinou.
Antes de encerrar, o governador respondeu a algumas perguntas do público, envolvendo demais temais, como plano de desenvolvimento para o Brasil, programas sociais, Marco Regulatório do Saneamento Básico, exploração da margem equatorial para extração de gás e petróleo – o qual ele é favorável, citando que “não podemos abrir mão dessa arrecadação importante para o País” – e, por fim, voto distrital misto.
“Sou fortemente favorável [ao voto distrital]. O nosso atual sistema é o pior, porque a gente vota em alguém e ajuda a eleger outras pessoas sem aderência. O eleitor não faz essa correlação nem sabe quem foi eleito sem voto. O [voto] distrital é majoritário e positivo porque saberei quem representa meu distrito, vou acompanhar o mandato. Entre ônus e bônus, o distrital é melhor porque incentiva a moderação, mas não há sistema eleitoral perfeito. Teremos desafios”, explicou.
Na bancada, Alfredo Cotait Neto, vice-presidente da ACSP e presidente da CACB e Facesp, representou o presidente Ordine ao lado de Gilberto Kassab, secretário estadual; Rogério Amato, coordenador do Conselho Superior; Heráclito Fortes, coordenador do COPS; e Jorge Bornhausen, coordenador-adjunto do COPS.
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Por ACSP - 03/11/2025