MÉDICO ORIENTA COMÉRCIO A REFORÇAR CUIDADOS NA PANDEMIA

Ao mesmo tempo em que tenta se recuperar do prejuízo de um ano marcado pelo distanciamento social e a queda expressiva nas vendas provocada pela pandemia, o comércio precisa evitar aglomeração de clientes e eventuais descuidos nos cuidados protetivos nas lojas, visto que os casos de Covid-19 voltaram a crescer.

As imagens de multidões em regiões de comércio popular na região central de São Paulo mostram que os consumidores estão indo às compras. Porém, nem sempre de forma segura, o que pode gerar um endurecimento nas medidas de restrições ao comércio e, consequentemente, prejuízos maiores para os lojistas.

Se por um lado é importante recuperar as perdas e manter os empregos, esses lojistas, que tiveram de se adaptar aos novos protocolos sanitários, não podem se tornar facilitadores na propagação do coronavírus. Esse é o alerta do médico nefrologista José Osmar Medina de Abreu Pestana, ex-coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 de São Paulo, em entrevista para o Diário do Comércio.

"O que interessa é o que podemos fazer para a doença não se propagar. Não adianta pensar em prejudicados ou não: com a infecção disseminada, todo mundo será prejudicado ao mesmo tempo", adverte ele, insistindo para que prevaleça, como medida preventiva, a tríade uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos.

“Quanto menor a exposição, menor o risco. A transmissão ocorre pelas vias aéreas superiores, por isso a aglomeração em locais de comércio deve ser evitada, pois a chance de infectar um maior número de pessoas aumenta. Quanto aos cuidados com a limpeza de superfícies, há um certo exagero”, esclarece o médico.

“O risco de contágio relacionado à limpeza dos objetos é minúsculo, menor que 1%. Se pensarmos em transmissão de pessoa para pessoa, o risco é de 99%, e menos de 1% em outras formas de contágio. A transmissão se dá por gotículas de saliva e respiração, e o vírus sabe disso. O descuido ajuda a transmitir, e quem circula fora de casa deve usar máscara ao voltar, como se estivesse no comércio ou na rua, e até manter o distanciamento se possível, pois pode contagiar do mesmo jeito”, explica o especialista.

Medina prevê que, dando tudo certo com os primeiros grupos sociais a serem vacinados, em março de 2021 já poderemos ter algum fôlego no combate à Covid-19. “Mas só devemos  retornar à vida normal após o meio do ano”, projeta.

Por ACSP