MEIs podem perder acesso a serviços financeiros gratuitos? Entenda

Hoje, quem atua como MEI (microempreendedor individual) pode ter acesso gratuito a diversos serviços financeiros: emissão de boletos, Pix para empresas e conta bancária isenta de tarifa de manutenção são apenas alguns exemplos. 

No entanto, o Banco Central vem estudando uma proposta de mudança regulatória que, se avançar sem alterações, pode mudar essa realidade.

 

O que diz a proposta 

A minuta de resolução, divulgada pelo BC em outubro de 2021 para consulta pública, determina o teto de 0,5% na tarifa de intercâmbio para transações feitas com cartões pré-pagos (emitidos por fintechs). 

A nova proposta ainda estabelece a aplicação do limite máximo de 0,5% para todas as operações envolvendo cartões corporativos e compras não presenciais em ambos os casos. Até o momento, o BC não sinalizou a possibilidade de abrir qualquer exceção à proposta para “simplificar o acompanhamento do seu cumprimento e a própria ação de vigilância e de supervisão".

A tarifa de intercâmbio é o percentual pago pelas credenciadoras de cartões às instituições financeiras e, atualmente, a faixa praticada nas transações com cartões pré-pagos varia entre 1,1% e 1,5%, em média.

Essa remuneração é uma das principais receitas das fintechs. Sendo assim, uma redução significativa poderia inviabilizar o modelo de negócio de uma boa parte das startups financeiras.

 

Impacto no bolso de quem empreende

A pandemia empurrou muitos brasileiros para o empreendedorismo e o número de MEIs continua crescendo nos últimos meses. Hoje, a modalidade é responsável por 57,4% dos negócios ativos no Brasil e representa quase 80% das empresas abertas no primeiro quadrimestre deste ano.

O empresário individual, que conta com regime especial de tributação, está entre os consumidores que seriam afetados pelas novas regras.

Segundo um estudo feito pela Zetta — organização que reúne fintechs como Nubank e Mercado Pago — e divulgado pela Folha de S. Paulo, os clientes das instituições financeiras associadas, que representam mais de 90 milhões de contas, teriam deixado de economizar cerca de R$ 24 bilhões em tarifas se a nova regulação sobre a tarifa de intercâmbio estivesse em vigor no ano passado.

 

Situação atual 

O Banco Central tem estudado a reação e possíveis consequências das mudanças para o mercado. 

Até novembro do ano passado, quando foi encerrado o período de consulta pública, a instituição recebeu diversos estudos complementares sobre o tema. Juntos, credenciadores, instituições de arranjos, associações do setor e instituições emissoras de cartões enviaram mais de 20 contribuições. 

Em nota, o BC afirmou que as áreas técnicas “continuam analisando as contribuições e trabalhando na proposta normativa, que será submetida, em breve, à diretoria colegiada".

O que se sabe, até o momento, é que a minuta de resolução apresentada aos agentes do mercado ainda está em estudo e deve sofrer modificações em sua versão final.

Se a regulamentação em estudo pelo BC for aprovada, a Zetta pediu ao Banco Central que considere que a redução na tarifa de intercâmbio seja feita de forma gradativa para que as fintechs tenham tempo de se adaptar.

"Os bancos tiveram somente seis meses para se adaptar quando houve a limitação no cartão de débito, a gente tem pedido prazos mais longos, de 12 a 24 meses. Quanto mais curto o período, maior o impacto", disse Bruno Magrani, presidente da Zetta, em entrevista à Folha. 

E você? O que acha dessa proposta? Compartilhe este conteúdo com os empresários individuais que você conhece e que também precisam ficar por dentro do assunto.

Por ACSP