
Nesta segunda-feira (11), o Conselho Político de Orientação Social (COPS) da ACSP, realizou uma reunião híbrida, na sede da entidade, com palestra de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC).
Participaram: Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP; Heráclito Fortes, coordenador do COPS; Rogério Amato, presidente do Conselho Superior da ACSP; Alfredo Cotait Neto, presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB); Guilherme Afif Domingos, secretário especial de Projetos Estratégicos do Estado de São Paulo; Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, além de outras autoridades e convidados.
“É uma grande honra receber o presidente do Banco Central do Brasil. É um jovem que tem sido um baluarte para a nossa economia”, elogiou Ordine abrindo o evento.
Em sua palestra, Galípolo alertou que não passaria nenhuma mensagem diferente da já presente nas comunicações oficiais do Banco Central e destacou que o período entre o final de 2025 e o ano de 2026 exigirá atenção redobrada por parte do Banco Central. “A instituição tem reiterado a necessidade de manter a taxa Selic em um nível bastante restritivo por um período prolongado. A atual pausa contínua no ciclo de elevação dos juros possibilita ao BC observar mais atentamente os sinais da economia, confirmando se o patamar vigente da Selic é de fato suficiente para conduzir a inflação ao centro da meta”, pontuou.
Ao explicar os motivos que levaram à interrupção das sete elevações consecutivas da taxa básica, Galípolo afirmou que a percepção interna é de que o nível atual de juros já exerce pressão adequada sobre a atividade econômica, ajudando a controlar a alta de preços. Ele acrescentou que, embora o Comitê de Política Monetária (Copom) perceba os efeitos da política monetária sobre o crédito, o mercado de trabalho segue demonstrando resiliência. “Independentemente dos acontecimentos, o Banco Central não desviará um milímetro sobre a defesa da moeda do país. Estamos atentos aos sinais econômicos”, afirmou.
O presidente do BC celebrou a confiança que a instituição mantém junto aos analistas, mencionando que 90% dos economistas consideram que o órgão está no rumo correto. Ainda assim, Galípolo reconheceu que as expectativas de médio e longo prazo para a inflação ainda não convergem totalmente para a meta desejada pelo mandato da autarquia.
Tarifaço como oportunidade de proteção
Ele também comentou sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, classificando-as como uma oportunidade de proteção para o País. Galípolo lembrou que, já na reunião do Copom de janeiro, o balanço de riscos incluía os possíveis impactos das medidas anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, estimando perdas para a economia brasileira.
Com a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre exportações do Brasil, o presidente do BC observou que os questionários enviados a economistas antes das reuniões do Copom indicam algumas tendências, entre elas, a de que a destinação de parte da produção ao mercado interno pode gerar queda nos preços domésticos no curto prazo. “Por outro lado, tensões comerciais mais intensas com os EUA podem desvalorizar o real frente ao dólar, aumentando pressões inflacionárias no médio prazo. No entanto, os impactos na atividade econômica — como a possível perda de empregos em setores exportadores que precisarão buscar novos mercados — ainda não estão totalmente refletidos nas projeções dos analistas”, observou.
Pix
Respondendo a uma pergunta sobre o Pix, Galípolo ressaltou que é um case de sucesso do BC. “É um mérito dos servidores e presidentes que vieram antes de mim. Em 2013, começou a se discutir um método de pagamento instantâneo gratuito. Hoje, o Pix se revela uma infraestrutura estratégica e crítica para o Brasil. É uma segurança para o próprio País que ele possa ser gerenciado e administrado pelo Banco Central”, afirmou.
O presidente do BC disse que a ferramenta facilita a inclusão financeira, ao ampliar o acesso da população à infraestrutura bancária. Atualmente, o Pix tem mais de 800 milhões de chaves cadastradas, com 250 milhões de transações diárias, em média, sendo utilizado por 90% da população.
Veja as fotos: https://flic.kr/s/aHBqjCqm1F
Por ACSP - 11/08/2025