Papelarias: é possível equilibrar o orçamento durante a pandemia?

Para quem empreende no setor de papelaria, o primeiro bimestre do ano costuma ser o período de maior faturamento para o negócio. Mas, em 2021, com a incerteza em relação à volta às aulas, a situação tem sido bem diferente.

Com a queda na renda pelo fim do auxílio emergencial e o desemprego, os pais têm enxugado a lista ao máximo, deixando de lado itens de peso como mochilas, estojos e cadernos personalizados. Pouco ou nada utilizados nas aulas à distância e com carga horária reduzida, eles não devem ser trocados ou repostos.

Em entrevista ao Diário do Comércio, Antônio Martins Nogueira, presidente do Simpa-SP, afirma que a preocupação é grande, já que o movimento das pequenas e médias papelarias e revendedoras de livros didáticos continua muito fraco.

"As compras se resumem a um lápis, uma borracha, um apontador. Ou, no máximo, uma caixa nova de lápis de cor ou de canetinha", afirma. "Já sentimos um encolhimento grande das papelarias em 2020, e o mercado continua difícil, as pessoas não compram pois continuam em dúvida sobre como vai ser esse ano."

Mercado em transformação

Mas, mesmo antes da pandemia, o setor já enfrentava algumas dificuldades. Há cerca de duas décadas, o período de volta às aulas representava 80% do faturamento desses comerciantes, sendo que 50% do valor das vendas era equivalente aos livros didáticos. Em 2019, esse montante caiu para 45% e 25% respectivamente, e por alguns motivos bem simples.

O primeiro é alta concorrência do setor, disputado por cerca de 74 mil estabelecimentos no país — e que também enfrenta competição acirrada com supermercados, farmácias, escolas e até com os próprios fabricantes. O segundo é a transformação digital e a integração de canais de venda. E por último, o principal: o bom e velho consumidor, cada vez mais exigente, conectado e em busca de conveniência e novas experiências de compra.

Hora de se reinventar

Para atender ao consumidor de hoje, é preciso adotar novas estratégias. Apostar em um mix diferenciado de produtos, investir em visual merchandising e até criar ações digitais próprias — que incluem a parceria com blogueiros e influencers — para que a papelaria se torne muito mais do que um mero espaço de comercialização são exemplos interessantes. E, em tempos de crise, a necessidade de se reinventar no setor ficou ainda maior.

Nos últimos anos, muitos comerciantes têm percebido as mudanças de comportamento do consumidor, a concorrência, as transformações digitais, e que não é mais interessante ficar refém do lucro extra e significativo do volta às aulas de antes.

Para se destacar e manter o orçamento equilibrado o ano todo, uma das estratégias mais promissoras é rever e ampliar o mix de produtos, oferecendo mais itens de artesanato, informática, material de escritório e de atendimento corporativo, presentes e até brinquedos.

Além disso, para manter a lucratividade em qualquer época do ano, as redes sociais podem ser grandes aliadas na divulgação das ofertas, já que manter um perfil não gera custo algum.

Mais do que simplesmente divulgar seus produtos e preços, adotar estratégias diferenciadas de geração de conteúdo, como fazer parceria com blogueiros e influencers, pode trazer bons resultados. As possibilidades com os influenciadores são diversas: dá para enviar produtos e até convidar para conhecer lançamentos e fazer demonstrações, dando créditos em troca de postagens para aumentar a visibilidade da loja, por exemplo.

Também é preciso pensar, a curto prazo, na evolução de um e-commerce: depois da pandemia, mais do que nunca, os clientes buscam comodidade, querem comprar sem sair de casa ou ir na loja e encontrar o produto separado para retirada. Ainda que as vendas online de papelaria correspondam, em volumes, a menos de 10% das lojas físicas, elas crescem em torno de 20% ao ano.

E você? Quais mudanças têm colocado em prática no seu comércio após a pandemia? Seja qual for o ramo da sua empresa, inovar é sempre o melhor caminho para atrair os consumidores durante o ano todo e não ficar refém de um período em específico. Além de analisar a concorrência continuamente, acompanhar o que outras empresas de outros segmentos têm feito pode trazer boas ideias de inovação para o seu negócio. Fique de olho!

Por ACSP