Progresso feminino

No mês de março, quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, estamos contando histórias de mulheres que, por meio do seu trabalho, contribuem para alcançarmos uma sociedade mais desenvolvida e igualitária. Dona Marly é uma delas.

Há 25 anos ela faz parte da Associação Comercial de São Paulo, e ao longo desse tempo já conduziu trabalhos importantes para fomentar o empreendedorismo feminino e contribuir com a comunidade do Butantã, bairro que abriga a Distrital Sudoeste da ACSP.

Dona Marly não sabe assumir qualquer responsabilidade sem dedicar-se inteiramente. Foi assim na criação dos três filhos, na carreira de dentista e especialmente nas atividades que até hoje desenvolve na Associação. Em 1997, ela foi a primeira mulher a assumir o cargo de diretora-superintendente na entidade.

O que isso representou para a senhora?

Foi uma responsabilidade muito grande ser a primeira mulher a ocupar aquele cargo. Foi como se dissessem: “vamos dar esse espaço para ela, vamos ver o que elas são capazes de fazer”. Eu dei o meu melhor, fiz tudo o que pude. E acho que fiz bem, representei bem as mulheres.

Sua gestão foi marcada por eventos com convidados renomados em suas áreas de atuação. As atividades tinham como principal objetivo atrair associados e outros empresários da região para a distrital, estimular o relacionamento entre eles e trazer conhecimento sobre assuntos relevantes. Em parceria com outras entidades, como a Associação dos Advogados de São Paulo, ela e a equipe contribuíram para trazer progresso à comunidade. “Conquistamos coisas muito importantes para o bairro. Procuramos juízes para trazer o Fórum do Butantã, o metrô, o Rodoanel... Todo esse trabalho foi iniciado na Distrital. Essa rua [Alvarenga, onde está situada a Distrital Sudoeste], por exemplo, não podia ter comércio nenhum. Tinha tráfego muito intenso, não era ideal para moradia, mas não podia ter comércio aqui. Então, fizemos vários movimentos e chamamos políticos para tentar mudar isso. O objetivo foi alcançado, e tudo começou por aqui”, ela conta.

A gestão terminou em 2001, mas o serviço não acabou por aí. Dona Marly passou seis anos à frente da coordenação geral do Conselho da Mulher Empresária, que trabalha para promover o fortalecimento da mulher por meio do incentivo à participação de atividades empresariais, sociais e políticas.

Por que a senhora decidiu continuar se dedicando à Associação?

Para mim, a Associação foi e continua sendo uma escola de vida. Eu aprendi muita coisa, em cada reunião, cada evento... Ainda me considero uma aluna. E eu gosto de participar das ações. No Conselho da Mulher a gente também trabalha muito com questões sociais. Hoje, por exemplo, realizamos aqui no Butantã a Feira da Saúde e Cidadania em parceria com o Rotary Club. A gente leva um pessoal da saúde para medir pressão, fazer teste de glicemia, teste de HIV, consultas de oftalmologia... São mais de 40 modalidades de atendimento.

A Associação é uma entidade que trabalha em prol do empreendedorismo. O que explica esse envolvimento com atividades relacionadas à saúde?

Tem tudo a ver! Cuidar da saúde é fundamental. Se você não tem saúde, não pode tocar a sua empresa. Você fica doente e o negócio não vai para frente. Além do mais, fazer o bem para a comunidade também é uma maneira de tornar o trabalho da Associação e da Distrital mais conhecido. Aqui, conseguimos sucesso nesse sentido. Somos conhecidos e reconhecidos pela população local.

Por aqui, a Campanha do Agasalho também ficou bem famosa. O Conselho da Mulher participou desse projeto?

Na verdade, quem fez a Campanha do Agasalho na Distrital Sudoeste foi o Conselho da Mulher, do qual eu sou coordenadora hoje. Mas nós envolvemos vários outros conselheiros, porque o trabalho em conjunto é sempre mais rico, né? Cada um pegou uma caixa e levou para colocar em vários lugares. Neste ano a gente conseguiu muitos, muitos agasalhos. Depois, eu e a minha auxiliar organizamos praticamente sozinhas o que foi arrecadado. Separamos as roupas, dobramos e fizemos as sacolas para entregar. Deu um trabalhão. E a campanha acabou se estendendo, porque mesmo depois que o prazo foi encerrado, ainda veio gente trazer peças. Depois, o diretor-superintendente escolheu as entidades da região que iriam receber as doações.

Em uma conversa sobre a participação das mulheres no mundo dos negócios, dona Marly baseia-se em sua experiência com empreendedores e com a comunidade, e defende que o público feminino ainda precisa buscar mais conhecimento e informações para abrir e administrar o próprio negócio. “Dentro da Associação a gente percebe que as mulheres frequentam menos as atividades. E onde está o conhecimento? Justamente nos eventos, nas palestras, nas ações de capacitação. Então, infelizmente, ainda falta conhecimento. Eu acho que, aos pouquinhos, elas estão avançando, mas ainda falta muito para se conquistar”, afirma Marly.

Como essa falta de envolvimento prejudica as mulheres?

É triste ver, por exemplo, que muitas ainda ficam presas a relacionamentos ruins porque não têm vida própria, não conseguem sair de casa e sofrem por isso. Certa vez, recebemos aqui um grupo de mulheres que sofriam violência doméstica. Eu perguntei o que elas faziam e nenhuma tinha emprego, e as que tinham, ganhavam muito pouco. Não era o suficiente para sair de casa e sustentar os filhos... Então, elas se sujeitavam a sofrer ataques físicos e verbais – que às vezes chegam a ser ainda mais dolorosos. Toda mulher precisa ter acesso ao conhecimento. Já fizemos alguns cursos voltados ao público feminino e foram um sucesso. Eu penso que as mulheres precisam sair para trabalhar, conquistar sua independência financeira. É o único jeito de conseguirem ter sua própria vida. Como Conselho da Mulher, o nosso papel é reunir as mulheres em torno do associativismo para que elas fiquem bem informadas. E, bem informadas, elas têm mais oportunidades.”

E você? Concorda com a dona Marly? O que você tem feito para incentivar as mulheres empreendedoras do seu bairro? Em breve, traremos novas histórias de outras mulheres que, com sua dedicação, fazem muito pela nossa economia e são exemplos de dedicação. Fique de olho!

 

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Por ACSP