Projeto de ajuste fiscal do governo é “equivocado”, diz Mendonça de Barros

A última reunião do ano do Comitê de Avaliação de Conjuntura da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi realizada presencialmente e contou com palestra de José Roberto Mendonça de Barros. O evento foi conduzido por Edy Luiz Kogut, coordenador do Comitê e vice-presidente da ACSP, e Marcel Solimeo, economista-chefe do Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP.

Mendonça de Barros é um dos mais prestigiados economistas do País. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, do governo Fernando Henrique Cardoso, professor da Universidade de São Paulo (USP) por 30 anos e é o fundador da MB Consultoria.  

O palestrante fez uma análise dos cenários da economia internacional, o impacto no Brasil e, como não poderia deixar de ser, uma avaliação do pacote fiscal do governo que acabou de ser apresentado. Para o economista, o anúncio do aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais, uma promessa de campanha, foi uma reversão de uma expectativa positiva. “Não é possível incorporar mais despesas num plano que pretende fazer o ajuste fiscal necessário para o País”, ressaltou.

Economia brasileira
Segundo o economista, a análise do cenário nacional deve levar em consideração três pontos fundamentais: 1. Como o governo Trump vai conduzir a economia americana e os impactos na área fiscal do Brasil até sua posse. 2. O segundo período do governo Lula 2025/2026 que deve apresentar uma desaceleração na economia brasileira. 3. A nova gestão a ser eleita em 2026 será resultado da polarização política?

De qualquer forma, para o especialista, “a economia brasileira vive um bom momento, mas é necessário que se coloque em prática um ajuste fiscal mais robusto em decorrência da alta na inflação”. Mendonça de Barros acredita que no ano que vem a economia brasileira não deve repetir o crescimento de 2024. “Os juros devem continuar aumentando e o controle da inflação será um desafio embora o impacto do cenário internacional possa ser menor. Além do agronegócio, o mercado imobiliário está em ótima fase.”

Economia internacional
Em relação ao ambiente internacional, a China deve perder um pouco do seu protagonismo por conta de questões internas, como a crise imobiliária e, principalmente, pela chamada inversão da pirâmide demográfica. Apesar dos esforços do governo, o número de nascimentos está caindo e a população, segundo dados trazidos pelo economista, deve perder 200 milhões de habitantes até 2054. “O consumo chinês deve cair por conta dessas mudanças. O envelhecimento da população é o centro do problema e deve afetar a produção industrial e a demanda por petróleo e gás na China. O barril de petróleo já está em patamares mais baixos, na faixa dos US$ 70,00, e deve cair ainda mais”, finalizou.

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Por ACSP - 29/11/2024