Reunião do Comitê de Avaliação de Conjuntura acredita em cenário mais difícil para a economia brasileira

O Comitê de Avaliação de Conjuntura do Instituto de Economia (IEGV) da ACSP se reuniu, no último dia 27, para a avaliação mensal sobre os setores da economia brasileira. A reunião conduzida pelo vice-coordenador, Edward Laumberg, contou com a participação dos especialistas membros do Comitê, que apresentaram os cenários para os próximos meses.

Agricultura
O setor está sendo impactado pela demora do governo em relação à próxima Safra Agrícola, gerando certa insegurança nos próximos meses. Além disso, existe o problema econômico e a perda de produtividade provocada pelo clima que deixa o setor inseguro em relação aos financiamentos. Apesar das dificuldades, os analistas acreditam que, de um modo geral, a área física atual de cultivo deve ser mantida, embora não deva se expandir em 2024/25.

Por outro lado, o Brasil deve se tornar o maior produtor de algodão do mundo em 2024, superando os EUA. Segundo os analistas, embora a má gestão do governo que já se reflete na taxa cambial, referência para o plantio, preços dos insumos, impostos e preço final das commodities. É possível prever, portanto, que o agronegócio deve ter um impacto menor no PIB, na próxima safra. Na pecuária, a perspectiva é de uma redução do rebanho e da produção nos próximos meses. Os preços da carne deverão subir.

 

Varejo
Entre as datas promocionais mais importantes para o comércio, o Dia dos Namorados, em 12 de junho, vem se destacando como uma das três mais importantes, como mostra o resultado das vendas no comércio eletrônico brasileiro. Considerando o período de 31 de maio a 12 de junho de 2024, houve um crescimento de 23%, em relação ao ano passado, com faturamento de R$ 19,8 bilhões contra R$ 16,2 bilhões em 2023. Destaque para o segmento de cosméticos, que teve um crescimento de 120%, com queda apenas na venda de perfumes, caindo 26% e aumento dos produtos para o cabelo que cresceu 153%. Na moda, queda de 8,3% influência dos marketplaces chineses.

No setor de eletroeletrônicos com televisões, computadores e tecnologia em geral, houve uma queda de 16,1% com um faturamento de R$ 1,7 bilhões, enquanto máquinas de lavar e geladeiras tiveram crescimento de 26% e 16,2%, respectivamente. Espera-se uma reação e um crescimento de dois dígitos. Colaborou com a recuperação do setor um aumento do poder de compra das famílias com crescimento do emprego.

Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABBCOM), já mostram o primeiro trimestre de 2024 com um crescimento de 9,7% e faturamento de R$ 44,2 bilhões com um ticket médio de R$ 492,00. O e-commerce registrou um aumento de visitas com 91 milhões de compradores virtuais brasileiros. A compra de produtos pequenos tem crescido, mas a cobrança do ICMS deve provocar uma queda. De um modo geral, os marketplaces brasileiros esperam uma retomada em relação ao líder do mercado, o Mercado Livre.

Indústria

A indústria está numa ligeira tendência de crescimento: 1,5%, considerando a de transformação e a extrativa. De um modo geral, ela deve crescer em torno de 2%, considerando as diferenças setoriais. Indústria de alimentos cai 3% e indústria química, 12%.

No entanto, chama a atenção a recuperação da produção de bens de capital, um indicador que foi destacado no crescimento do PIB divulgado recentemente. O potencial de crescimento, no entanto continua baixo. Um primeiro dado sobre os efeitos das enchentes no sul mostra uma queda de 26,8%, em maio, uma implicação que sofreu impacto também da queda de importações na Argentina.

Em relação à indústria automotiva, dados da ANFAVEA mostram queda de 7% na indústria do Rio Grande do Sul. De qualquer maneira, existe uma tendência de crescimento no geral, já que o mercado interno de automóveis está reagindo com um cenário de crédito mais positivo por conta da pequena redução das taxas de juros. Há crescimento de importação de bens de consumo geral.

Mercado financeiro

Existe uma pequena piora na inflação com o emprego em alta e crescimento da massa salarial. Falas do presidente Lula têm influenciado o dólar e provocado certa instabilidade, além da manutenção dos juros altos. De qualquer forma, existe uma preocupação com o risco Brasil e a fuga de investimentos. O COPOM manteve a taxa de juros, mas deve ter dificuldade em manter juros em patamares mais altos. A Câmara vai aprovar a reforma do IVA que deverá ter um impacto mais negativo em curto prazo com o impacto na redução da guerra fiscal e na concessão de crédito. O problema será conviver com dois modelos, simultaneamente, numa transição que deverá gerar certa insegurança.

Cenário

Concluindo, o Comitê avalia que haverá uma possível queda da projeção do crescimento do PIB, por volta de 2%. No varejo, a manutenção da taxa de juros reduziu a expectativa de melhora para o trimestre. Por outro lado, o emprego continua em crescimento, embora o consumidor esteja menos confiante, de acordo com o Índice Nacional de Confiança (INC/IEGV).

Crédito imagem: Freepik

Por ACSP - 04/07/2024