
O projeto do túnel da Avenida Sena Madureira foi o tema da apresentação do secretário municipal de infraestrutura, Marcos Monteiro, nesta quarta(19), em mais uma reunião do Conselho de Políticas Urbanas (CPU/ACSP). O projeto vem enfrentando a oposição de moradores e ambientalistas, que questionam a efetividade do túnel como solução para o trânsito, além de transtornos que irá causar com a remoção de 200 famílias da comunidade Souza Ramos. Outra questão está relacionada ao impacto ambiental provocado pelo grande número de árvores removidas, por causa das obras. Mesmo considerando a reposição de árvores e mudanças no projeto que reduziram a derrubada, o risco de alagamentos no local tem sido levantado.
Sustentabilidade
Por outro lado, o secretário argumentou, em sua fala, que a obra tem um caráter sustentável, resolverá os problemas do escoamento do trânsito e beneficiará cerca de 800 mil pessoas, como ele explica: “Já fizemos mudanças no projeto, que possibilitarão a mitigação do corte de árvores. Com o encurtamento do túnel, o número de árvores derrubadas será mínimo e, além disso, existe um plano de compensação ambiental na região”.
O projeto do túnel existe desde 2011 e vem provocando polêmica desde então. Avaliada como uma solução para melhorar o gargalo provocado pelo trânsito na região, a atual gestão resolveu tirá-lo do papel e, depois de algumas revisões e muitos questionamentos dos moradores e comerciantes locais, há a previsão, agora, de construir dois túneis, com pouco menos de mil metros de extensão, conectando a Avenida Sena Madureira à Avenida Doutor Ricardo Janet, no Ipiranga, como colocou o secretário Monteiro:
“O objetivo é desafogar o trânsito intenso da região da Vila Mariana, uma área de transição entre o Centro, a zona Sul de São Paulo e a região do ABC Paulista. Facilitará os acessos entre os bairros do Ipiranga, Itaim Bibi, Morumbi, Saúde, eliminando os congestionamentos com a requalificação do sistema viário, o que inclui pavimentação, sinalização e paisagismo, algo muito importante. Não há outra solução para eliminar os gargalos de trânsito na região”.
Protestos
Mas os protestos também deram o tom na primeira audiência pública. Monteiro contou que a ideia inicial era mostrar os ajustes que foram feitos no projeto, mas a reunião acabou tumultuada pelo número de pessoas que foram protestar. Chegaram com o objetivo claro de não deixar que aquela audiência fosse realizada, mobilizando mais gente até o local,
ainda que sem relação com a região. “Não teve como. A partir disso, acordamos que haveria uma segunda audiência e, mesmo assim, não pareceu o suficiente para atender a todos. Mas, a partir dessa escuta, tivemos muitas alterações, como detalhei anteriormente”, disse o secretário.
Cronograma
O secretário lembrou que o cronograma ainda está sendo definido e que os ajustes do projeto serão incluídos: o cronograma envolveu duas audiências públicas, em setembro, como explica: “Em 13 de outubro, publicamos a licitação. Os envelopes serão abertos no dia 5 de dezembro e, a partir daí, entramos em uma nova fase. Eu acredito que, a partir de março de 2026, teremos uma ideia da entrega da obra. A partir do momento em que a empresa for contratada, teremos a organização de um projeto executivo, então, ainda teremos um tempinho até avançar para a retomada desse canteiro de obras. O valor de referência é de R$748 milhões, mas, na medida em que concluirmos a licitação, esse valor deve cair”.
Alguns comerciantes da região continuam questionando os impactos da obra no comércio local. Rodrigo Rocha, dono do Rancho da Empada, na Avenida Sena Madureira, presente na reunião da CPU, questionou o secretário sobre a possibilidade de o comércio perder faturamento. Há 31 anos, no endereço, o Rancho é um dos comércios mais antigos da região e seu proprietário defende a obra pela necessidade de melhoria na mobilidade regional "que mais sobe torre em São Paulo". Ele lembrou que, durante obras na avenida, seu faturamento caiu para um terço do habitual. “Não questiono a obra, mas fica evidente a necessidade de se tomar alguma providência para preservar o comércio da avenida”.
Veja as fotos: flic.kr/s/aHBqjCBpZi
Por ACSP - 19/11/2025