Temas em Análise 271: Inflação Oficial de Março é a Menor desde o PLANO REAL, Refletindo os Primeiros Efeitos do Isolamento Social

INFLAÇÃO OFICIAL DE MARÇO É A MENOR DESDE O PLANO REAL, REFLETINDO
OS PRIMEIROS EFEITOS DO ISOLAMENTO SOCIAL

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de apenas 0,07%, desacelerando fortemente em relação a fevereiro, e ficando abaixo das expectativas, configurando a menor taxa de inflação desde o Plano Real. A inflação anual (12 meses) também mostrou forte desaceleração, alcançando a 3,3% (ver tabela abaixo), bem abaixo da meta anual perseguida pelo Banco Central (4,0%).

O principal responsável pelo resultado mensal foi o item alimentação e bebidas, cujos preços sofreram fortes elevações, a partir do início do isolamento social, provocado pela pandemia do coronavírus. Essas elevações foram parcialmente compensadas pela variação negativa dos preços dos artigos de residência, das passagens aéreas e dos combustíveis. A fraqueza da atividade econômica também contribuiu para a descompressão do IPCA.

Na contramão, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou, no mesmo mês, intensa aceleração, tanto em termos mensais, como anuais (acumulado em 12 meses), passando, neste último caso de 6,4% para 7,01%. Essa aceleração se explica pelas maiores cotações do câmbio, que encareceram as matérias primas agrícolas (IPA agropecuário) e industriais(IPA industrial), apesar das quedas dos preços do petróleo e dos combustíveis.

 

 

Em síntese, o IPCA de março já mostra os efeitos do distanciamento social, implementado na segunda quinzena do mês. A forte queda no consumo, em decorrência da crise do coronavírus, deverá continuar desacelerando o índice nos próximos meses, que poderia ficar próximo ao limite inferior da meta anual (2,5%). A pressão no atacado poderá ser atenuada com o novo recorde de safra e com a baixa cotação do petróleo nos mercados internacionais. Além disso, do ponto de vista da economia mundial, os efeitos da pandemia deverão ser deflacionários. De todo modo, o repasse aos preços finais poderá ser inibido, pelo menos em parte, pela contração esperada nas vendas, o que contribui para o cenário geral de baixa inflação para o resto do ano.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal