Temas em Análise 276: PIB do Primeiro Trimestre Cai 1,5%, Refletindo Primeiros Efeitos da Pandemia do Novo Coronavírus

PIB DO PRIMEIRO TRIMESTRE CAI 1,5%, REFLETINDO PRIMEIROS
EFEITOS DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,5% durante o primeiro trimestre do ano, em relação aos últimos três meses do ano passado, livre de efeitos sazonais. O resultado veio um pouco melhor do que esperava o mercado, porém reflete a intensidade dos efeitos negativos da pandemia do coronavírus e do isolamento social sobre a atividade econômica, que passou a ser aplicado a partir da segunda quinzena de março. Em relação ao mesmo trimestre de 2019, a contração foi menor, alcançando 0,3%, e interrompendo a lenta retomada do PIB (ver gráfico abaixo).

 

 

Na comparação com os primeiros três meses do ano passado, o consumo das famílias, principal componente da atividade econômica pelo lado do gasto, apresentou queda de 0,7%, explicada fundamentalmente pelos impactos negativos do isolamento social e das consequentes reduções da renda, do emprego e da confiança do consumidor.

Os investimentos produtivos (formação bruta de capital fixo) foram o único item da despesa a apresentar crescimento (4,3%), na mesma base de comparação, causado pontualmente pelas importações líquidas de máquinas e equipamentos dirigidas ao setor de petróleo e gás.

Por sua vez, o consumo do governo, que corresponde ao custeio da máquina pública, não mostrou variação, em linha com a difícil situação fiscal enfrentada pelas três esferas governamentais.

As exportações exibiram contração, que chegou a 2,2%, em decorrência da paralização da produção da China, da guerra comercial Estados Unidos-China e da crise argentina. A contribuição do setor externo foi ainda mais negativa, com elevação de 5,1% das importações, concentradas na aquisição de máquinas e equipamentos.

Pelo lado da oferta, houve leve queda da atividade industrial de 0,1%, tanto pela escassez de componentes importados da China, como pela paralização das atividades, em função do distanciamento social. Os destaques negativos vieram dos setores eletricidade e gás, água, construção civil, veículos e vestuário.

O setor serviços, principal segmento produtivo da economia, igualmente sofreu recuo de 0,5%, destacando-se a retração dos serviços prestados às famílias (bares e restaurantes, salões de beleza, academias de ginástica, entre outros) e dos transportes.

A produção agropecuária foi a única a mostrar expansão, que alcançou a 1,9%, devido aos aumentos de produtividade e aos recordes de safra, principalmente no caso da soja. Essa expansão, contudo, foi insuficiente para compensar as quedas dos outros setores, dada sua reduzida participação no PIB, pelo lado da oferta.

Em síntese, os primeiros efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a atividade econômica brasileira vieram na direção esperada, porém sugerindo queda recorde tanto durante o segundo trimestre, como em termos anuais, com intensidade dependente do ritmo de flexibilização do isolamento social e dos impactos associados sobre a renda e o emprego das famílias.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal