Temas em Análise 301: Inflação tem Forte Aceleração em Fevereiro, ficando cada vez mais Longe da Meta Anual

INFLAÇÃO TEM FORTE ACELERAÇÃO EM FEVEREIRO, FICANDO
CADA VEZ MAIS LONGE DA META ANUAL

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,86%, surpreendendo os analistas de mercado, e acelerando fortemente em relação ao mês anterior. Assim, o resultado acumulado em 12 meses, que serve como aproximação da inflação anual, avançou para 5,2% (ver tabela abaixo), ficando cada vez mais longe da meta perseguida pelo Banco Central (3,75%), e praticamente “batendo” no limite máximo permitido (5,25%).

O principal responsável pelo resultado mensal foi o aumento dos preços dos combustíveis, impulsionado pelos maiores valores cobrados nas refinarias e pela desvalorização cambial, seguido, em menor medida, pelo item educação, puxado pelos reajustes aplicados no começo do ano. A elevação dos preços de alimentos e bebidas foi mais contida no mês, mas continuou pressionando o IPCA em termos anuais (12 meses), devido à maior demanda, resultante do isolamento social e do home office.

Por sua vez, outro importante indicador da inflação, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou alta de 2,71% em fevereiro, desacelerando em relação ao mês anterior. Contudo, em 12 meses, o IGP-DI seguiu avançando, alcançando para 29,95%, devido fundamentalmente à maior inflação no atacado (IPA). Esse comportamento é explicado pelos maiores preços das matérias primas agrícolas (IPA AGRO) e industriais (IPA IND), pressionados pela taxa de câmbio e pelas maiores cotações de bovinos e soja, no primeiro caso, e de diesel e adubos, no segundo.

 

 

Em síntese, em fevereiro, o IPCA, acelerou, devido a choques temporários, ficando, em termos anuais, ainda mais longe da meta anual. A tendência para os próximos meses poderá ser de desaceleração da alta de preços, pela fraqueza da demanda, agravada pelo avanço da pandemia e pelo acirramento do isolamento social, além da perspectiva de nova safra recorde. Porém, os maiores custos de produção, advindos dos aumentos da taxa de câmbio e das cotações das matérias primas internacionais, e refletidos no IGP-DI, começam a ser repassados aos preços finais.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal